sábado, 31 de dezembro de 2011

...Sorrio...

Agora que não estás acredito...
Num pequeno coração que deixou de sentir...
E de uma voz meiga que deixei de ouvir...
De uma luz que se apagou...
E de um labirinto pintado de arco íris onde me perdi...
Sei que a lua guardou do mundo o nosso segredo...
Sei do frio das lágrimas que atravessam meu rosto...
E da loucura de estar só todos os dias...
Disse-me sorri...sorri sempre...e sorrio...
Do vento que brinca com os cabelos pintados de azul
Da lua que ilumina de prata o meu quarto
E das estrelas que me piscam o olho
Sorrio do beijo desencontrado e perdido
E da ternura do salto alto no pezito da Maria
Sorrio do branco amanhecer frio e molhado
Do Sol, atrevido e meigo que se esgueira por entre nuvens em desalinho
Da música que me toca e me faz dançar
E da espuma com que a areia da praia teima em brincar
Sorrio do riacho franzino mas traquina que trepa por pedras e raízes
Como se tivesse a força do vento e o tamanho do mar...
Sorrio da ternura com que o girassol procura o sol
E das Acácias que embriagam num feitiço a Primavera do desejo
Sorrio ao teu abraço cheio de tudo e às minhas mãos cheias de nada
Sorrio...
Sorrio assim enquanto espero pelo teu sorriso...





domingo, 20 de novembro de 2011

Anoitece em mim...

Hoje não chegaste...
Sei da tua ausência mais que da tua presença
Ainda assim te espero numa espera sem fim
Como a tela que pintas com os teus sonhos feitos realidade
Enquanto toco de leve as palavras que não sei escrever
Talvez nem chegues nunca... eu sei
Embrenho-me neste labirinto de loucura insana
Mas aqui posso cruzar-me contigo
Entre as letras que não lês e as palavras que não entendes
A noite toca o meu corpo num abraço terno
De quem me sabe perdida por entre o frio lilás em que me deito
Na almofada repousa um lago de saudade
Onde a lua me espreita e vem de mansinho
Tocar-me com um beijo


sábado, 19 de novembro de 2011

De não ser mais que nada...

Sabes daquela lágrima adocicada pelo teu beijo
Que acaricia morna o meu rosto
Aquele abraço que me sossega e acalma e
O silêncio que sobrevoa o meu corpo e te trás de volta
A luz que deixaste no meu olhar e
Que agora o orvalho tomou conta
Retorno ao assossego do impassível ser que não ouvi
Dissimulado este indiferente sentir que imito
Escondo-me de mim atrás de quase nada
E deixo-me cair entre os meus braços
Ter que existir uma razão ou não...
Nunca saberei
Estranho o meu mundo, estranho sentir o meu...
Toquei a vida com um suspiro que ela não quis ouvir
Alheia ao meu redor passou sem dar por mim
E foi voando para tão longe que a perdi no horizonte
Perdi-me da vida e ela recusou-se de ser minha...



quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Apenas mais de mais nada...

Rondo as vogais que se prenderam
Num qualquer lugar que não encontro
De consoantes perdidas e soltas
Por entre o cinzento de um lápis a carvão
Navegam nuas e sem rumo
Ainda desordenadas umas após as outras
Descobrem-se aqui e ali ...
Confundem-se e aconchegam-se de mansinho
Procuram um lugar que já não vive
Lugar de afectos e sonhos
Numa tela de arco íris pintada
Onde a luz se extinguiu e nada mais ficou

O não ser nada a não ser coisa nenhuma

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Deixaste-me...

Sou hoje feita de nada, do que sonhei
Morrer de cada vez que as palavras não me entendem
Deixo-me cair num mundo inventado por mim
Fingir que sou dona de mim e não me saber onde
Enfeitada de sorrisos, desenho de pétalas as lágrimas com sabor amar
Deixei de ouvir os meus passos na calçada que me reconhece
Existe um muro esculpido de medo que não consigo passar
As tuas mãos já não esperam por mim do outro lado
O céu separou-nos no meio de uma insana tempestade
Espero o teu abraço mais que o teu perdão
Quero dizer que te amei tanto e nunca soube que me amaste
Um mar imenso definha dentro de mim
E o tempo escorre entre os meus dedos
Coisas que não te disse
E numa ferida passaram despercebidas
Vivi enquanto juntas ouvimos chegar o luar
No teu colo pensei conhecer de ti o amor
Esqueci o doce perfume da ternura nas tuas mãos
E o frio gélido do medo de não amar encharca-me de loucura








quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Uma estrela...

Pressentiu os meus passos...
E sussurrou-me baixinho
Estás triste...
A Lua hoje também está a chorar...



Porque existo ...

Porque existo ...
Acredito ...