sábado, 25 de abril de 2009

Deixar Abril ...

Deixo Abril prisioneira da liberdade
Reclusa de mim mesma, dos meus medos,
Perplexa pelo ser humano que me assalta
Desiludida por ser parte de um mundo, onde da
Humanidade desumanizada resta pouco ou nada,
Sobram restos de um povo escravo da amargurada vida,
Ensinam-se as regras que rasteiraram seus semelhantes
Existe um abismo entre quem vive e quem sobrevive
O amanhecer é feito de contradições e controversos despertares
Usam-se pessoas como se usam trapos de estação em estação
Conforme a montra onde a moda se exibe e passa
O ser humano é catalogado, impresso, seleccionado e marcado,
A vida é jogada impunemente na roleta russa
E o vencedor é sempre o mesmo...
Pesa-me nos ombros a culpa de ser diferente...
Carrego no peito um grito mudo do meu silencio
Exorcizo as sombras que ofuscam o meu caminho
Mas o traço da minha mão não se curva
Segue a direcção errada
Ruma seguindo o instinto que lhe é fiel errante ...
É urgente um Abril pintado de Luz ...

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Afectos Circulares...

Estranha criatura divina
Vindimando bagos de emoções
Colheita abundante de extremos que se tocam
Na palma da mão de estranhos demasiado iguais
Num tempo que teima em ser circularmente errante
Impaciente por mais uma volta de culpas ás cegas
O carrocel viciado toma as rédeas da vida

Mágoa com que me deixo dominar
Desfaz-se na areia a última onda do teu gesto
Começo condenado a não começar
Cada sonho morreu no meu espírito
Tenho na minha mão o teu toque

Sabes a minha cor
De cada vez que o tempo nos encontra
Entrelaçada a mim vive a tua sombra
Adivinhas -me em cada olhar
Salteador da minha paixão
Fico á espreita da minha estrela
Que perdi faz tempo no mar

As palavras são pormenores de mim
Correm nas minhas veias notas musicais
Desenhadas nos gestos do meu corpo
Abraça-me a brisa vestida de primavera
Com a sombra de um inverno
Onde a minha alma ficou fechada

Voaram das minhas mãos
Os poemas deixados á tua porta
Levou-os um beija-flor pintado de arco-iris
Amanhece á tua janela para te acordar

Um dia deixa-o entrar...
E sorri ...
Deixa-o sonhar...

terça-feira, 14 de abril de 2009

O Meu Regato ...

Tenho um regato na pele
Sinto-me chegar e ajoelhar-me
A água transparente acaricia-me os joelhos
As mãos percorrem as pedras disformes
Os pézitos saltitam para dentro do pequeno lago
Cheiram a sabão azul as roupas penduradas
Oiço-te chamar por mim ...
Os raios de sol dourados
Iluminam o meu olhar feito de sonhos
O calor deixa-me em pulgas para saltar pra água
O perfume das amoras silvestres
Dança com a brisa á minha volta
Passa ali tão perto da minha casa ...
Onde fui menina pintada de estrela ...
Ameixa, cor de ameixa ...
Pintura de mulher no meu olhar
Visitei o regato com a lua
Levou-me um sonho ...
Nem percebi que era a minha aldeia ...
As tuas mãos molhadas e frias
Agarram-me com força ...
Não quero sair dali ...
Estou no meu lugar...
Feito de ti, de água transparente, do teu sorriso,
Do aroma dos frutos silvestres ...
Faço ondas na calma e serena corrente de água ...
Salpicos atrevidos regam-me os malmequeres
Com que me pintaste o vestido...
Viste o meu coração sorrir?

sábado, 11 de abril de 2009

Eleven...

Is a better day to died for...

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Um Pouco Apenas...

Despida de ti
Invade-me a loucura
Tentativa vã de te perceber meu
Nos lábios o grito silencioso da paixão...
Tocam-se ali mesmo ...
Enquanto saciam o desejo de amar...
Jorram lágrimas de sangue no meu peito...
Eclipse dos nossos corpos onde se confundem duas almas
Fica no ar a brisa intensamente perfumada
Pelos primeiros pingos na terra árida de solidão ...
Toca nas minhas mãos vazias de tudo...
Ruma ao meu olhar pintado de verde ...
Deixa-te ancorar no meu porto feito de afectos,
Amarra as cordas porque o vento sopra noutra direcção,
Ou leva-me para o alto mar ...
Embala-me nas ondas da paixão...
Não me deixes acordar...
Quero apenas ficar ... aqui ou ali ...
Quero ficar um pouco ... apenas um pouco...

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Passei por Aqui ...

Finjo que encontro um caminho, uma direcção,
No intervalo de cada palavra um vazio imenso ...
Existem estreitas ruelas onde me vou perdendo,
Embrenhada pelo denso nevoeiro das emoções,
Suspensa pelo voar de mil borboletas azuis ...
Oiço o gemido ferido de uma alma ...
A minha ...
Trapaceio a razão para acreditar na emoção,
Sinto na pele a insanidade da hipocrisia ...
Aprendo cruelmente a julgar-me pelo que me julgam ...
Deixei de acreditar nas pessoas,
Deixei de acreditar em mim ...
Entreguei-me assim como sou ...
Dei de mim tudo o que tenho, escapou-se uma lágrima ...
Sem máscara transparece um sorriso ...
Como se vive se se morre lentamente de tristeza ...
Rascunho de uma história ainda por contar...
Jogo de cartas que não sei jogar...
Poderá nascer no mar um deserto ...
Ainda assim ele será azul ...e eu ...
Sua eterna amante ...

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Azul de Um Anjo...


Enroscadinha num ninho de segredos
Sossegadamente deslizo sobre mim adocicada,
A música é um desejo emaranhado de mistério,
Misto de mulheres que sou a cada momento
Sedente de desejos e sonhos feitos de nuvens ...
Entre um corpo e uma alma fico eu ...
Irrequieto bailado feito de sombras ...
O meu sonho vive para além de mim ...
Deixo-o visitar-me de quando em vez ...
Pincelo o meu corpo de lilázes cetins ...
Onde baloiço a brisa perfumada que me toca,
As estrelas e a lua são a minha plateia,
Iluminam o meu palco feito de areia e conchas,
Tocam-me a alma como se os aplausos
Fossem feitos de carinho e beijos...
Serenou o mar inventado a minha dança,
Feita de um feitiço de amora silvestre
Que menina me lambuzava, só, pelos trilhos
Inventados á pressa para apanhar pirilampos
Que ainda procuro ao adormecer
Sobre a almofada desenhada de memórias...
O mar de lágrimas sabe ao meu beijo...
A lua veste-se na minha alma ...
E empresta-me as cores do arco íris
Para me despir de mim e ser só sonho ...
Tenho um anjo azul que me pega ao colo...
E me dá a mão ...
Espera-me á noite ...
E diz que me ama ...

Porque existo ...

Porque existo ...
Acredito ...