segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

A Minha Cor...Qual é ...

Olho para dentro de mim,
E de repente sei quem sou,
Conheço cada segredo escondido,
Cada palavra escrita pela minha mão,
O lugar onde guardo as minhas lembranças...
Escondo atrás do sorriso todos os meus medos,
Revelo em cada gesto o sonho que me pertence,
Digo ser de alguém quando nunca fui de ninguém,
Peço a cada anoitecer para não amanhecer,
Nasci sem a luz que clareia o caminho,
Desbravo caminhos que não são os meus e perco-me,
Num infinito e quadrado avanço e recuo ...
Que castra e aniquila cada grão de vontade ...
Pintaram-me de mil cores,
Nenhuma condiz com a minha alma,
Sinto o meu perfume em cada linha do meu corpo ...
Invento-me de poesia que não sou,
Bebo música para serenar a minha alma,
Num inquieto reboliço entre dois lençóis,
Procuro a forma redonda de adormecer,
Conto-me a minha história,
Conheço-me a mim...
E adormeço ...

sábado, 27 de dezembro de 2008

Ao Teu Encontro ...

Deixo os meus passos marcados na areia das dunas,
Só e sem direcção caminho de encontro a ti,
A roupa molhada cola-se ao meu corpo,
O frio invade-me o corpo e a alma,
Trémula e a medo deixo que te aproximes,
Calmo, sonolento ainda, soltas-me um beijo,
Sabes porque estou aqui e entendes-me,
Embriaga-me o doce da chuva no meu corpo,
A brisa do mar salgado amanhece na minha alma,
Deixo-te as lágrimas que não posso dar a ninguém,
Abandona-me o medo, deixa-me entregue a ti,
Por instantes somos um só, por pouco tempo,
Ameno o teu corpo seduz-me, enfeitiça-me,
Chama por mim, assusta-me a tua voz,
Cada vez mais perto e mais forte, estremeço ...
Confunde-me, posso tocar as nuvens,
Basta-me um momento de loucura,
Faltam-me as forças, o meu coração deixou de bater,
Ancorou aqui a minha alma,
Não sinto o meu corpo,
Alguém chama por mim,
Vamos embora ...
Chega, chega de loucura ...
Voltarei, voltarei sempre ...
Até que um dia possa ficar ...

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Porque Estás Triste?

Porque não aprendi a amar,
E o mar deixou de ser azul,
Porque nunca fui amada,
E a lua deixou de ser minha confidente,
Porque não sei amar,
E as estrelas deixaram de brilhar,
Porque não me cruzei com o amor,
E a solidão anoiteceu no meu peito,
Porque não tenho mãe,
E amanheço sem o seu colo,
Porque quero estar a teu lado,
E a vida tornou-se um turbilhão desenfreado,
Porque cometi erros que não entendo,
E esta viagem não me pertence,
Porque nada tenho para te dar,
E a ti queria dar tudo,
Porque não te saberei ensinar a amar,
E não te quero um dia perguntar,
Porque estás triste?

Um Quarto...

Aninhei-me nas asas de um anjo,
Com cheiro de infância perdida,
Aguarda impaciente a minha chegada tardia,
No olhar questões que não sei responder,
Na árvore enfeitada de sonhos,
Os seus olhitos meigos cintilam de encanto,
Espera serena não sei bem o quê,
Demoras ... pergunta ... Vens cedo ...
Imita meus passos perdidos pela casa ...
Ausente das minhas palavras,
De tudo o que sou e transmito isola-se,
Vive tão perto e tão distante,
Mãos de inocência que desenham o seu mundo,
Pintam de magia e cor a sua verdade,
Reinventou-se, e deixou de ser meu ...
Revolta silenciosa e galopante,
Descreve um trilho que não conheço,
Abandonou o nosso refugio,
Deixámos de dançar a mesma música,
Já não existem abraços nem viagens,
Cruzamo-nos sem nos vermos...
Somos quatro,
Somos um,
Sou um dos quatro,
Ou um quarto de cada um,
Não sou nada sem um dos quatro ...

sábado, 20 de dezembro de 2008

Uma Vida numa Hora ...

Silenciosamente sem perceber, sem esperar,
Bruscamente entra sem avisar dentro de mim,
Corre no meu mar um rio de sangue,
Um frio cortante rasgou meu peito,
Deixou aberta uma ferida que dói,
Dilacerou cada pedaço de mim,
Simples criatura que se perdeu do mundo,
O meu medo, eu sei, já havia acontecido,
Deixei que fosse assim, deixei que acontecesse,
Para mim chegou de improviso,
Tsunami que arrancou de mim o mar azul,
Trouxe-o de volta manchado de sangue e lágrimas,
Brisa suave e meiga que arrancou de mim cada pétala,
Ficou tanto sem querer deixar nada,
O Beijo...
A Sinfonia dos Grilos...
A Lua...
Um lugar...
Um momento apenas ...
Não sou mais nós dois,
Sou apenas eu, sem ti no meu peito,
Sem a nossa lua, sem o nosso mar,
Que nunca o foi ...
Viagem solitária onde te imaginei sempre a meu lado,
Terminou ali, naquele lugar, num breve instante ...
Temporal que desabou sobre mim,
O teu olhar, o teu beijo, os teus passos,
Haviam-me avisado ...
Não quis deixar de sonhar,
Agora, agora sei ...
Não te terei a meu lado ...
Jamais poderei voltar a sorrir de amor ...
Porque sonhei acordar no teu aconchego ...
Ficar a teu lado ...
Uma vida numa hora ...

Uma noite, um lugar...

Vesti-me de sensualidade e brilho,
Ondas do mar pentearam o meu cabelo,
Perfumei o meu corpo de desejo,
A lua enfeitiçou o meu olhar,
Parte de mim fica para trás,
Não quer entrar, não quer estar ali,
Impele-me a vontade de te esquecer,
A música pulsa ao ritmo do meu coração,
Trémulas as minhas mãos seguram um copo,
Disfarçado de um licor afrodisiaco,
Que não, não quero provar...
Mas teimo, imponho a mim mesma ...
Procuro um olhar, em vão...
Os olhares cruzavam-se sem se prenderem,
Revolto-me, odeio-me por estar neste lugar,
Também não é este o meu caminho,
Aqui eu não existo ...
Os corpos envolvem-se numa dança erótica,
A proximidade assusta-me e faz-me recuar,
Um beijo faz-me afastar o olhar,
O chão de madeira, as luzes com falso brilho,
Jamais esquecerei este lugar...
Faz-me falta a lua, o mar, o nevoeiro, o frio lá fora,
A tua ausência, a serra, um lugar meu...
Quero um olhar, um toque, um beijo, um abraço,
Quero apenas ser eu ...

sábado, 13 de dezembro de 2008

Caio de dor ...

Deixou um rasto de dúvidas,
Entregue aos mistérios dos espíritos,
Amor fantasma selado por um beijo,
Existiu no meio de um turbilhão de afectos,
Corpo de seda rasgado por um feitiço,
Jaz numa overdose de loucura,
Daqui posso tocar a lua,
Desfaz-se a melodia de um amor mendigo,
Solta-se atroz a voz do vento,
Em conversas melancólicas com a chuva,
Regresso oculto que espero a cada noite
Pauta de música sem "mi",
Pintadas de almas roxas,
Fazem-me companhia quatro paredes,
Entra pela janela um sol grave,
Amiúde obrigo-me a viver,
É aqui que eu quero morrer,
Sou eu despida de aparência, livre, serena,
Inquieta a minha alma passeia pelo corredor,
Vagueia procurando alguém,
Enquanto aos poucos se despede de mim,
Aos poucos despeço-me de mim,
Sexta-feira, 13 de um Maio abençoado partiste,
A mim basta-me uma noite, sem Maio, sem número,
Apenas sexta por um acaso talvez,
Noite de lua cheia para iluminar meu caminho,
De uma janela onde posso ver teu rosto...

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Luar de um Girassol sem Cor...

Esconde - se magnifica atrás de uma ou outra nuvem,
Esculpidas mais ou menos ao acaso e sem dono de si,
Carregam mágoas que caem sobre a terra,
Traçam o destino de uma semente de girassol deitada á terra,
Cruzam-se, chocam-se, encobrem-se e descobrem-se,
Dentro de mim encontram a escuridão que as leva na mesma direcção,
Desenharam um sorriso pintado a cinzento,
Uniram num beijo molhado o céu e a terra,
Na linha do horizonte uma estrela cai em cascata,
Mistura-se com uma lágrima derramada e cintilam juntas,
Apressados os girassóis erguem-se,
Seguram em cada pétala um pingo perdido pelo vento,
Uma noite esquecida no meio de um tempo sem fim,
Confessam um estranho medo de ser,
Efémera vida que termina assim
Sem ti, sem ti, sem ... Cor

sábado, 6 de dezembro de 2008

Pedaço de Sonho ...

Escreveu no meu corpo a palavra desejo,
Pintou de luz a minha sombra,
Toque de cetim entre dois corpos,
Deslizam lentamente entre as mãos,
Caem no chão sobre a areia azul,
Encontro entre dois corpos agora nus,
Labaredas esculpiram dois corpos,
Fica no ar o perfume do desejo,
Respiram juntos sem perceber,
Gotas de orvalho passeiam entre os dois,
A pele une os corpos num só,
Entre caricias, melodia e loucura,
Chora a alma quando se juntam
Num beijo húmido ansiosamente esperado,
Unem-se os lábios num ardente e
Intenso aroma de paixão,
Arrebatador o coração pulsa em sintonia,
Embriagados de amor param por instantes,
Olhos nos olhos percebem-se,
A Lua adormeceu com a magia da paixão,
Um pouco, nada mais que um pouco,
Feitiço sem fim, delírio que ainda sinto,
Final que não conheceu o começo...

Viagem ...

Incompreensivel de mim mesma, do meu mundo,
Desenho abstracto de uma vida que não entendo,
Trilho que continuamente me desobedece,
Entre a terra que me prende sem raízes,
E o céu que me chama pelo nome de menina,
Existo no intervalo sem pertencer a nenhum lado,
Busca incessante e sem sentido,
Tom de cor que não consigo tocar,
Alma demente e insana que se perdeu e me encontrou,
Morro aqui porque tenho medo de não morrer,
Arrastei a minha sombra para perto de uma fogueira,
Chama que desvanece lentamente sem sentir,
Assalta-me a imensidão de um vazio que me aniquila,
Estilhaços de uma vida que se perdeu da alma,
Chocam bruscamente contra escarpas de sentidos
Que há muito tempo haviam terminado,
Soam ecos de desespero num templo esquecido,
Pequenês onde me enrosco e me encontro com o meu silêncio,
Seduz-me um brilho sorrateiro que me faz estremecer,
Oiço a tua voz como se estivesses comigo,
Não sei porque voltei ali ...
Sei apenas que voltei ...

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Para Além de Tudo Sou Nada ...

Ficou sem pedir e sem avisar,
Muito além de mim, do que é meu,
Pintei da minha cor a vida,
Vim ao meu encontro,
Procurei-me eu mesma,
Sem querer saber se sou,
Acordei ao lado de mim,
Cruzei-me comigo sem perceber,
Sem saber onde me encontrar,
Conheci-me devagar,
Não me perdoei jamais,
Segui na minha direcção,
Querendo regressar de mim,
Nunca me deixei ouvir,
Acreditei poder ser apenas eu,
Eu não sou,
Desisti de ser...
Um pouco de mim existe somente ...

Entre Contrários Demasiado Iguais...

Dúvidas que percorrem a minha pele,
Correm-me nas veias algemas,
Que me prendem á vida que não quero viver,
Revejo-me em cada cada lugar onde existo,
Vagueio no passado por instantes,
Só e a medo visito as lembranças,
Arranco de mim um pedaço de céu e mar...
Espera por mim dia após dia,
Uma estrela que me guia,
Descobri meu anjo sentado na lua,
Enquanto chora meu coração,
Deixa cair suas asas sobre mim,
Protege-me de mim, da minha loucura,
Sopra uma leve brisa de meiguice,
Que beija docemente meu ombro,
Procuro por ti, em vão ...
Foi meu anjo que partiu,
Deixa uma aragem fria que queima,
Cinzas que o Inverno teima em reacender,
Num combate sem tréguas entre mim e eu ...

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Infinitamente Adiado...

Dói demais, a alma ferida de quem amo,
Esmaga com olhar triste e meigo,
Retalhos que restam de mim,
Grito em silencio o meu amor ao vento,
Acreditando que um dia o possa ouvir,
Reinvento cada passo, cada lágrima,
Cada gota de sangue derramada,
Numa breve e louca,
Troca de palavras e melodias,
A mágoa de não ter seu rosto no meu peito,
Bebe o sorriso dos meus lábios,
Impede-me a vontade de me dar,
Sinto a sua ausência em cada gesto que trás,
Morre em mim cada momento de desejo,
Deixa comigo o perfume de um encontro,
Deixou no meu corpo uma letra de afecto,
Na sombra da lua revelamos segredos,
Perde-se o rumo da palavra que nunca se dirá,
O silencio veste-se de noite,
Vagueia a minha alma...
Sem autorização para amar ...

domingo, 23 de novembro de 2008

Soro de Lágrima ...

Geme a luz que me ilumina,
Nu repousa meu corpo entre gotas de água,
Enregelou-me de desejo a alma,
Sou eu, despida de mim,
Espera descabida por um outro alguém,
Mergulhei entre pétalas vermelhas,
Perfumei a minha pele de rosas,
Na ponta dos dedos, vestígios
De uma espera que não acaba nunca,
Negros, flutuam sobre o meu peito,
Fios que outrora foram minha chama,
Caio sobre a melodia de um piano,
Num desvario que me enlouquece,
Procuro o sangue que me levará a ti,
Estou tão perto, assusta-me o medo,
Abandona-me a vontade de ficar,
Chega de mansinho a vontade de partir,
A lua partiu sem avisar,
Deixou para trás uma estrela.
Que teima em espreitar pela,
Frincha da porta entreaberta,
Nos lábios, doce o sabor de uma lágrima
Que serena acariciou meu rosto,
Sem saber perdeu-se no meu corpo,
E amainou minha alma ...

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Espera feita de nada...

Sombra de um espelho que habito,
Nevoeiro denso onde perdi minha alma,
Coração mutilado entre lençóis de água,
Fogem-me os passos deste chão,
Erguem-se muros nas palavras,
Correm vertigens de medo no meu sangue,
Derramei sobre mim a companhia das letras,
Âncorei num porto chamado solidão,
Abraça-me a vida que descuido,
Toca-me com um olhar de despedida,
Voo de encontro a uma estrela que perdi,
Ilumina cada último gesto que é seu,
Partiu dono do meu beijo,
Apertei o mar contra o meu peito,
Para não andar á deriva,
Espero por si num qualquer cais,
Espero infinitamente...

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Chão molhado...

Arrancou de mim o sorriso da alma,
Levou-me a lua, minha infinita amante,
Deixou-me anoitecer sem sonhos,
A cada chegada o negro vazio,
De um olhar perdido e sem rumo,
Dói-me a vida, rasgou a estrada,
Saiu do caminho que era nosso,
Sopram ventos de mágoa e dor
Que alagam meu chão e
Fazem tremer as raízes já doridas,
Agarradas agora á terra lamacenta,
Que bebe minhas lágrimas,
Levou o olhar meigo e sereno,
Que ensinou as estrelas a brilhar,
De mãos dadas agora frias e vazias,
Procuro num instante o seu nome,
De asa caída deixei de voar...

domingo, 16 de novembro de 2008

Cinzenta é a minha luz...

Alma que desfalece num corpo moribundo,
Espera cruel e desigual,
Inquietude profunda que desabou algures,
Ventania tresloucada que regelou meu corpo,
Leve sai de mim um pequeno suspiro,
Despedaçada minha alma,
Naufraga perto de chegar,
Num mar deserto de palavras,
Onde se revelam alucinações,
Um último olhar distante e frio,
Suicidou-se o nosso amor,
Empurrou-me para a beira de um precipício,
De onde será muito fácil cair,
Caem desamparadas lágrimas,
Que não tocam a semente,
Que á força tenta sobreviver,
Sem terra onde se agarre...

Deixei ir embora metade de mim ...

Não acreditei, nunca quis acreditar
Não pensei, não quisera pensar,
Não ouvi, fingia não ouvir,
Não podia olhar, não queria ver,
Não foi mentira, porque sempre foi verdade,
Não entendi, porque nunca quis perceber,
Não quis saber do aviso,
Que brilhava nos seus olhos,
Não ouvi o seu grito mudo,
Cada gesto foi um sinal,
Cada resposta uma despedida antecipada,
Não a quis deixar partir,
Fugiu, abandonou o meu coração,
Com a vontade cega de não voltar,
Pintou de negro o meu coração,
Em troca não sei bem do quê,
Independencia chamou-lhe um dia,
Pergunto-me onde vai buscar a independencia,
Odeio ser independente no amor,
Odeio ser independente nos sonhos,
Odeio ser independente de ti,
Amo estar dependente do teu amor...

sábado, 8 de novembro de 2008

Algures onde pertenço...

Não existo como eu
Deixei que o vento me levasse as asas,
Sem saber tropecei na vida,
Agonia revestida de puro sorriso,
Onde o inverso se confunde
O certo é insensato e fútil,
Singela máscara que pintei,
Madrugada de Outono
Cruzá mo-nos no caminho,
Ela chegando eu partindo,
Desfaz-se o nevoeiro com lágrimas,
O frio com amor que emano e não sentes,
Sem valer a pena insisto em caminhar,
Em passo lento por vielas e calçadas,
Sigo a luz da minha estrela guia,
A vida não me seduz, é cruel e traiçoeira,
Não ouve o pranto de quem ama,
Chegou sem avisar,
Deixou-me aqui ...

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Sílabas ...

Sobrevivo ao impulso de não ser,
Num corredor de viagens infinitas,
Incontornável sede de ser amada,
Sopro de alento que me tortura,
Cristal de segredos que guardo,
Loucura insana que me fascina,
Jazem cinzas de mágoa no meu peito,
Reacendem a cada aragem calma e fria,
A cada voz calada a cada grito mudo,
Inóspita vida de sentires ausentes,
Presença vil de um quadro riscado,
De onde arrisco experimentar sair,
Sentença que contrario e rasgo,
O meu mar sou eu que pinto,
Quem á deriva o pode navegar,
Ínfimo é o porto de abrigo,
Onde possa naufragar ...

domingo, 2 de novembro de 2008

Imprópria ...

Inexplicável turbilhão que não entendo,
Que magoa, fere e me aniquila,
Arranca sem piedade do meu peito
Cada momento, cada instante,
Um pedaço de nada que é tudo,
Reinvento-me a cada hora,
Num mar de ondas turbulentas,
Inquietude desmedida e atróz,
Sem vida, sem norte, sem regra,
Procuro a morte serena e meiga,
Como única saída,
Não existem ruas, caminhos, veredas,
Construi becos sem saída,
Parei numa encruzilhada,
Que vai dar a lado nenhum,
Imitei os meus passos sem cautela,
O dia levou-me o sorriso,
A solidão traz-me a noite,
Enfeitada de lua prateada,
Eu sou apenas ...
Um ponto ... algures pintado,
Por um mágico pintor,
Que deixou inacabada,
Uma tela sem cor ...

sábado, 1 de novembro de 2008

Saudade Infinita ...

Pediu uma flor, um sorriso,
Num olhar terno e sereno,

Pediu-me para dançar,
Danço para me ver feliz,

Pediu um carinho, um afecto,
Das mãos de uma menina,

Pediu para ser amada,
Uma vez somente,

Pediu colinho,
Tomou-me entre os seus braços,

Pediu que a ouvisse,
Contei-lhe os meus segredos,

Pediu que fosse humilde,
Aprendi a dar,

Pediu para ser honesta,
Só entendo a verdade,

Pediu-me para gostar,
Só sei viver de amor,

Pediu para não a esquecer,
Levou-me no coração...

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Apeadeiro do adeus...

A noite despertou cruel,
Envolve-me o frio dos números,
Separada por uma assimetria desajustada,
Corre lentamente o sangue nas minhas veias,
Dói cada segundo, cada respirar, cada passo,
Deambulando num quadrado de afectos,
Embato contra uma esquina que fere,
Levou consigo as estrelas,
O calor de um aconchego,
O perfume dos meus desejos,
Os mimos de um anjo,
O beijo que é meu,
Largada num palco sem plateia,
Sem luz com medo de não ser amada,
A escuridão pinta-me de negro,
Ofusca-me os sonhos de menina,
Procuro a minha estrela,
Sem saber onde mora, onde brilha,
Espero, desespero perto de saber,
Que não, não, nunca será minha...

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Vem Comigo ...

Se um dia fosse estrela,
Ou apenas te iluminasse,
Se um dia fosse mar,
Ou somente o teu mistério,
Se um dia fosse mundo,
Ou apenas o teu olhar,
Se um dia pudesse voar,
Ou por instantes ter asas,
Se um dia fosse anjo ,
Ou vigia dos teus sonhos,
Se o dia fosse noite,
Ou eu morasse na Lua,
Se por nada eu fosse tudo...
Ou simplesmente uma gota do teu sangue...

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Imprevisível ...


Sinto a tua ausência,
Na ausência de me sentir,
Amargo sentido,
De tão perto te sentir,
Só, tão só...
Fico-te sentindo afastar,
Insensatez sentida,
Que não posso negar,
Onde a cada sentido,
Me sinto culpada,
De apenas ser o
Que nunca te serei ,
Sentir-me ser -te ...
Sentirei somente,
Escapar a ínfima desculpa,
Entre os meus dedos,
De ser a sensação
De um dia ter sido
Quem sou ...
E porquê
Eu nunca saberei...

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Fio de Seda ...

Esquecida da infindável loucura do Verão,
Do desassossego das noites longas ,
Rebolando entre almofadas e sonhos,
No desejo mudo de querer amar,
De asas quebradas, sem poder voar,
Recolhe-se aos cantos de um ninho,
Onde as mantas de retalho,
Pedaços de afectos e lembranças,
Estilhaços d alma sem luz,
Marcas de um corpo que habita,
Inspiram a solidão de um espírito,
Que vislumbra a silhueta de uma mulher,
Chegado o aconchego de uma noite fria,
Entre dois corpos que se unem,
Juntam-se labaredas cor de paixão,
Partilham do licor que bebem,
Com sabor a beijos e fogo,
Corpos perfumados de amor,
Inundam com um feitiço a serra gelada,
Sente-se uma brisa serena e meiga,
Pintou-se a noite de lua cheia,
Pousaram sobre o telhado duas estrelas,
Nuvens cor de mar planaram sobre a serra,
Findaram seus sonhos...
Amanheceu...

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Cruzamo-nos por aí...

Flores de Outono perfumaram a chegada,
Oiço o eco dos meus passos,
Guardo segredos dos meus pensamentos,
Contemplo a sua companhia...

Deixa-me ...
Só, com o chuvisco da estação,
O cheiro a terra molhada,
Apaga o pó que resta do Verão,

Deixa-me ...
A dois passos de dois carris que sufocam,
Pisados abruptamente por um comboio,
Que não pára, estremeço...

Deixa-me ...
Em silêncio, sem voz para me acalmar,
Sem um gesto de adeus,
Sem um pingo de afecto...

Deixa-me...
Uma dor meiga que serenou,
Uma lágrima de eternas despedidas,
Uma distancia que dói,

Deixa-me ...
Alguém espera por si,
No lugar onde se amam,
Vai ao seu encontro ...

Deixa-me ....
Machuca-me o coração,
Vê-lo partir, dar-se, pertencer
A outra, a alguém que é sua ...

Deixa-me ...
Procuro uma estrela ...
Escondem-se, apenas os meus olhos
Iluminam a noite...

Deixa-me ...
Caminho no sentido do nada,
Envolvo-me com o vento,
Deixo-me, permito-me voar...

Deixa-me ...
Ave solitária,
Que ruma ao mar longínquo,
Sem porto de abrigo,

Deixa-me...
Só, me deixa ...

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Invisível ...

Acorde de uma viola que não ouvi,
Mãos que acariciam e não sinto,
Olhar que não me pertence,
Quietude melancólica,
Lua cheia onde se amam,
Algures num voo silencioso,
Trocam letras entre os dois,
Porta entreaberta ...
Deixa passar suspiros de paixão ...
Deixo-me perder para te encontrar,
O teu nome beija os meus lábios,
Ecoam prantos de saudade,
Na inquietude do vento norte,
Vão adiando a última dança,
Descalços sobre a areia húmida,
Salpicados por mil pingos de maré,
Ao mar ensinam a melodia do amor...

Posso ainda vê-los ...

Estreia...

Visto-me no meu camarim,
Lugar mágico onde me transformo,
Um novo palco espera por mim,
Acendem-se as luzes,
Implacáveis caem sobre mim,
Não tenho como fugir,
Esperam que represente o meu papel,
Bem ou mal
Aguardam uma resposta ...
Vestida a rigor,
Observam-me ...
Apetece-me fugir, evaporar-me, sair dali,
Fala-se de números, números e mais números,
De repente conheço histórias de vida,
Queria poder fazer tudo, não posso,
Vou fazer nada, o que posso,
Disfarço uma lágrima com um sorriso,
Não, não é esta a minha peça ...
Faltam as emoções, tudo é a frio,
Falta a magia de dar ...
Sobram números, faltam afectos ...
Queria poder
Tirar os sapatos,
Saltar do palco,
Correr entre a plateia,
E sorrir, sorrir, sorrir...

domingo, 12 de outubro de 2008

Amam-se...

A aragem era fria, cortante,
O corpo temia o encontro com o amor,
A inconsciente vontade de ser livre,
Aniquilava o desejo de amar,
Esbatia-se a íngreme escalada,
De quando em vez,
A um outro universo,
Espíritos que vagueavam,
Na busca incessante de um encontro,
Longe de tudo o que imaginara sentir,
Estavas tu e ela, diferentes,
Um e outro partilhavam somente nada,
Na solidão uniam-se sem saber,
Sem querer, compreendiam-se,
Num passo desencontrado,
Num bailado musical, de letras
E de afectos decifravam sentimentos,
Amam-se nos sonhos,
Entre as dunas e o luar,
Escrevem poemas e música
Rasgam o papel onde está escrita
A história que os une ...
Esta terá um fim inesperado,
Desconhecido,
Trágico talvez...

sábado, 11 de outubro de 2008

É assim...Não...

Silêncios que são gritos,
Multidões que passam despercebidas,
Músicas que não se ouvem,
Vaidades que se passeiam nuas,
Pessoas diferentes a quem chamam loucos,
Donos daquilo que não lhes pertence,
Inventam-se génios que não existem,
Humildade saiu pela porta dos fundos,
Deslocados lançam-se no abismo,
A escrita deixou de ser palavra,
Valores desfilam na passerelle,
Significado de dar é ... desconhecido,
Os sentimentos já não são redondos,
Confunde-se a verdade com a mentira,

O amor não se faz, sente-se...

Poderá ser assim ...

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Com o mar ...

A lua ilumina o meu quarto,
Acordo com a melodia do mar,
Levanto-me a meio da noite,
Piso o chão gelado de uma varanda,
Arrepia-se-me o espírito perdido no nada,
A distância transforma-se em alucinação,
O mar imenso chama por mim,
Pede-me companhia noite fora,
Avisto um barco ao longe,
O orvalho acaricia-me o cabelo,
Beija-me o rosto frio, respiro mar,
Escapa-se uma lágrima,
Temo tudo isto, cada olhar, cada palavra,
Apetece-me entrar no mar,
Coberto pelo denso nevoeiro,
Protege-me da solidão,
Partilhamos os nossos segredos,
Amanhecemos juntos,
Aos poucos a neblina que nos separa,
Volta a juntar-nos ...

Fugitiva...

A lua esqueceu-se de nós,
O amanhecer não despertou,
As estrelas deixaram de brilhar,
A varanda continua vazia,
O vento apagou os nossos passos ...

O nosso amor naufragou no mar,
O vento soprou as letras do teu nome,
Anoiteceram os sonhos,
Que outrora despertavam,
Caminha só, sorri tristonha ao luar...

Lágrimas que deixo perdidas á beira mar,
Memórias escritas na areia molhada,
Que o mar teima em apagar,
Empurrada por um Deus selvagem
Naufragou a minha alma ...

O teu nome...

As noites, são instantes de recordações,
A distância fez-me acreditar, sentir,
Cada abraço mais apertado, cada beijo,
O teu perfume, a tua voz meiga,
Num reencontro de amantes,
Que não poderá acontecer,
Inspiro a brisa de um mar rebelde,
Numa angústia que deixei a minha alma beber,
Saudade inquietante e desorganizada,
Espreito a lua, oiço o mar ali tão perto,
Desobediente e sedutor,
Fecho os olhos ...
Pergunto a alguém ...
Porquê?
Não responde ...
Aguardo em silêncio ...
Não sei o teu nome ...

Partículas...

Neblinas suspensas de mistérios,
Onde o sentir da terra se une ao pulsar do mar,
Toque de um desejo adocicado,
Embebido em segredos que ficam por revelar,
Em ruas demasiado estreitas para os meus sonhos,
Embriaguei-me de momentos,
Numa loucura proibida,
Dancei na areia enfeitada de espuma,
A lua iluminou o meu palco,
Corredor de encontro com o amor,
Onde estrelas foram a plateia,
De um momento mágico...

sábado, 4 de outubro de 2008

Segredos...

Grandioso,
Mar rebelde,
Corre ao meu encontro,
Deixo-me levar pela sua força imensa,
Milhares de grãos de areia irrequietos,
Brincam com os meus pés,
As ondas da saia beijam docemente
Os folhos azuis do mar,
A meu lado um desconhecido,
Cruzou o meu caminho,
Faz parte da minha história,
A canção do mar confunde-nos as palavras,
Louca! Sussurra-me ao ouvido,
Revelamos segredos ao mar,
O céu deixa cair estrelas ao mar,
A lua serena empurra a maré cheia,
Os corpos gelados emanam emoção,
Deixam juntos o mar e o céu,
Pisam a mesma areia,
Seguem caminhos opostos,
Ficam apenas os segredos,
Guardados no mar...

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Esperança ...

De repente não reconheço os meus desejos,
Tão somente mergulho sem conhecer
O mar em que caio desamparada,
Desconheço tamanha sensação,
Nada me parece verdade,
Traí-me a mim mesma,
Assisto a tudo, olho á minha volta,
E pergunto a mim mesma,
Onde, onde será o próximo porto de abrigo?
Ave migratória, que ruma a destino incerto,
Viajante solitária, arrisca sem saber ao certo,
O que encontrará pelo caminho,
Respira medo, mas continua confiante,
Com o coração machucado e triste,
Sobe pela última vez a rampa, que
Sobe e desce á uma vida,
Olha agora, e diz adeus ...
Sabe que um anjo olha por si ...




segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Para Mim de Ti ...

Ódio por ele?
Não... Se o amei tanto,
Se tanto bem lhe quis no meu passado,
Se o encontrei depois de o ter sonhado,
Se à vida assim roubei todo o encanto...
Que importa se mentiu?
E se hoje o pranto Turva o meu triste olhar, marmorizado,
Olhar de monja, trágico, gelado
Como um soturno e enorme Campo Santo!
Ah! nunca mais amá-lo é já bastante!
Quero senti-lo de outra, bem distante,
Como se fora meu, calma e serena!
Ódio seria em mim saudade infinda,
Mágoa de o ter perdido, amor ainda.
Ódio por ele?
Não... não vale a pena...
(Florbela Espanca)

Não Sei...

Estou perto de ti, do teu sorriso,
Encontrei um pouco de mim em ti,
Partilhamos momentos, os nossos momentos,
Feitos de melancolia, de música,
De palavras e silêncios,
Tento guardar cada troca de olhares,
Cada gesto, cada significado, cada nada,
Guardo na conchinha da minha mão,
Cada gota de emoção que deixas escapar,
Sinto que me perco para sempre, a cada minuto,
Sento-me algures longe de todos,
Mal acordei ainda, embrenhei-me
Num sentimento que ainda desconheço,
Mas que o aprendo aos poucos,
Meu amor capturei,
Guardei num lugar só meu,
Onde ninguém jamais poderá entrar ...
Não o darei a ninguém,
Um dia quem sabe ....
Dá-lo-ei a quem pertence ...

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Final ...

Navego á deriva, sem destino,
Sem porto de abrigo, ou terra á vista,
Perdida, no mundo que escolhi para viver
Entre sobressaltos que me atormentam,
Num misto de turbulentas emoções,
Onde extremos opostos se debatem,
Num desafio sem tréguas,
Sentimento de incapacidade,
Que aniquila meus pensamentos,
Ainda atordoada, sem sentir,
Olho-me no espelho,
Entre lágrimas e sangue,
Entre a cobardia de hesitar,
E a coragem de terminar aqui esta viagem,
Faço-me mal, não me quero,
Culpo-me de tudo e de nada,
Gelada, é assim que me sinto,
Agoniada pela loucura de continuar a existir,
De sentir, não quero mais sentir...
Vazia, a mim nada me resta,
Corpo medíocre, insignificante, sem origem,
Alma nua, inócua,
Desmesuradamente inútil, ignóbil,
Alma Vã ...

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Sem ti ...

Sem raízes que me segurem,
Sem tronco onde me apoiar,
Sem folhas que me protejam,
Sem flores que alegrem meu caminho,
Sem terra onde procure alimento,
Sem fonte onde matar a sede,

Sem nome ...

Sem nada ...

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

De volta...

Suspensa pelas estrelas,
Sobre um foco de luz azulada,
Uma tela pintada em desalinho,
Revela de nova a lua vestida,
Caem nocturnas as primeiras gotas,
De folhas amarelas um tapete enfeita a rua,
As horas passam devagar pela noite,
A melancolia cobre os rostos de maquilhagem,
Intensos perfumes levados pelo vento,
Carregam as nuvens de cinzento,
Sincronia de paixões,
Numa tempestade de desejos,
Gotas de orvalho beijam meus lábios,
Denso nevoeiro, onde me encontro,
E me perco, numa chuva de emoções,
Ponte feita de arco íris,
Onde num beijo,
Se unem dois amantes ...

domingo, 21 de setembro de 2008

Rasto que sigo em vão...

Flor cor de sol, que brilha e encandeia,
Pétala perfumada de pequenas gotas de água,
Pele de pêssego, lençol onde me deito,
Olhar prisioneiro, quieto e meigo,
Regato onde caminho e me refresco,
Grainhas de afectos perdidos pela casa,
A boca ainda melada de um favo de mel,
O cheiro a terra molhada,
Vento que invade meu destino,
Maré alta que a lua cheia beija,
Voa meu sonho nas asas de uma borboleta,
Brincos de princesa debruçados numa janela,
De mãos dadas caminham em silêncio,
Trampolim de sentimentos,
Que o tempo deixa experimentar,
Visitas os meus sonhos,
Invades partículas do meu sangue,
Veleiro sem rumo,
Que partiu e deixou ficar a saudade,
Saudade ...

Ciclo ...

Demasiadamente sossegada, serena,
O dia passa lentamente e sem sabor,
Procuro saciar a minha sede de saber,
Aqui e ali, um rasgo de luz, um sussurro,
Assusta-me o fim de qualquer coisa,
Albergo no meu peito a ansiedade de viver,
Vontade de dar tudo o que tenho,
De me dar ao mundo, aos que precisam de mim,
Pintar um lugar com a minha cor,
Deixar-te com um sorriso no olhar,
Melancolia de um tão esperado fim,
Expectativa de um novo desafio que ainda desconheço,
Timidamente se vai revelando,
Espero enfim por mais um começo ...

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Sonho de Outono ...

Exausta de um sono que não chegou,
Dói cada músculo, arrepia-me o espírito,
Amanhece, o tempo de repente parou,
Abandona-me a lógica e o discernimento,
Sou eu, a um passo de um sonho,
Ali olhando-me surpreendido e alegre,
Está tão perto, que receio tocar-lhe,
É meu, só meu, espera por mim,
Queremos finalmente estar juntos...

Vazio, que estremece e assusta,
Momento de felicidade, que fica por partilhar,
Quem amo, assiste ao longe e sorri,
Abraça-me com um sopro fresco,
Num dia tórrido de Outono,
Dói-me cada parte do meu corpo,
Fere-me a alma não te ter por perto,
Sorrio, porque te quero dizer,
Hoje por um momento fui feliz...

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Medo...

Estar viva, e não viver,
Acreditar, e ser mentira,
Pedir e não dar,
Acontecer e não perceber,
O tempo passar por mim,
Sem que eu passe pelo tempo,
Amar e não ser amada,
Ter tanto e não dar valor,
Ser amiga e não ter amigos,
Ter sonhos e não poder sonhar,
Tenho medo de amar, de sorrir,
Quero dar, quero tanto dar,
Que me dou a mim,
Porque nada mais tenho ...

Sem Nada ...

Algures num palco onde existo,
Em cena uma peça de teatro já vivida,
Partilho o palco com quem amo,
Longe de olhares indiscretos,
Sorri, só sorri ...
Reinvento-me num bailado,
Sou poema que escreveste,
Mergulho no mar dos teus olhos,
Caminho revisitado,
Que me inquieta e fascina,
Proibido amar,
Proibido sentir,
Desfile mágico sem voz,
Sono profundo que me embriaga,
E deixo que tome conta de mim,
Nostalgia de um dia sem rostos,
Feitiço de uma dança sem som,
Atalho de uma loucura sem abrigo,
Apeadeiro do mundo dos sonhos,
Desço, dou alguns passos ...
Recuo no último instante,
Com o despertar de uma caricia ...

Porque existo ...

Porque existo ...
Acredito ...