sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Apeadeiro do adeus...

A noite despertou cruel,
Envolve-me o frio dos números,
Separada por uma assimetria desajustada,
Corre lentamente o sangue nas minhas veias,
Dói cada segundo, cada respirar, cada passo,
Deambulando num quadrado de afectos,
Embato contra uma esquina que fere,
Levou consigo as estrelas,
O calor de um aconchego,
O perfume dos meus desejos,
Os mimos de um anjo,
O beijo que é meu,
Largada num palco sem plateia,
Sem luz com medo de não ser amada,
A escuridão pinta-me de negro,
Ofusca-me os sonhos de menina,
Procuro a minha estrela,
Sem saber onde mora, onde brilha,
Espero, desespero perto de saber,
Que não, não, nunca será minha...

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Vem Comigo ...

Se um dia fosse estrela,
Ou apenas te iluminasse,
Se um dia fosse mar,
Ou somente o teu mistério,
Se um dia fosse mundo,
Ou apenas o teu olhar,
Se um dia pudesse voar,
Ou por instantes ter asas,
Se um dia fosse anjo ,
Ou vigia dos teus sonhos,
Se o dia fosse noite,
Ou eu morasse na Lua,
Se por nada eu fosse tudo...
Ou simplesmente uma gota do teu sangue...

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Imprevisível ...


Sinto a tua ausência,
Na ausência de me sentir,
Amargo sentido,
De tão perto te sentir,
Só, tão só...
Fico-te sentindo afastar,
Insensatez sentida,
Que não posso negar,
Onde a cada sentido,
Me sinto culpada,
De apenas ser o
Que nunca te serei ,
Sentir-me ser -te ...
Sentirei somente,
Escapar a ínfima desculpa,
Entre os meus dedos,
De ser a sensação
De um dia ter sido
Quem sou ...
E porquê
Eu nunca saberei...

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Fio de Seda ...

Esquecida da infindável loucura do Verão,
Do desassossego das noites longas ,
Rebolando entre almofadas e sonhos,
No desejo mudo de querer amar,
De asas quebradas, sem poder voar,
Recolhe-se aos cantos de um ninho,
Onde as mantas de retalho,
Pedaços de afectos e lembranças,
Estilhaços d alma sem luz,
Marcas de um corpo que habita,
Inspiram a solidão de um espírito,
Que vislumbra a silhueta de uma mulher,
Chegado o aconchego de uma noite fria,
Entre dois corpos que se unem,
Juntam-se labaredas cor de paixão,
Partilham do licor que bebem,
Com sabor a beijos e fogo,
Corpos perfumados de amor,
Inundam com um feitiço a serra gelada,
Sente-se uma brisa serena e meiga,
Pintou-se a noite de lua cheia,
Pousaram sobre o telhado duas estrelas,
Nuvens cor de mar planaram sobre a serra,
Findaram seus sonhos...
Amanheceu...

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Cruzamo-nos por aí...

Flores de Outono perfumaram a chegada,
Oiço o eco dos meus passos,
Guardo segredos dos meus pensamentos,
Contemplo a sua companhia...

Deixa-me ...
Só, com o chuvisco da estação,
O cheiro a terra molhada,
Apaga o pó que resta do Verão,

Deixa-me ...
A dois passos de dois carris que sufocam,
Pisados abruptamente por um comboio,
Que não pára, estremeço...

Deixa-me ...
Em silêncio, sem voz para me acalmar,
Sem um gesto de adeus,
Sem um pingo de afecto...

Deixa-me...
Uma dor meiga que serenou,
Uma lágrima de eternas despedidas,
Uma distancia que dói,

Deixa-me ...
Alguém espera por si,
No lugar onde se amam,
Vai ao seu encontro ...

Deixa-me ....
Machuca-me o coração,
Vê-lo partir, dar-se, pertencer
A outra, a alguém que é sua ...

Deixa-me ...
Procuro uma estrela ...
Escondem-se, apenas os meus olhos
Iluminam a noite...

Deixa-me ...
Caminho no sentido do nada,
Envolvo-me com o vento,
Deixo-me, permito-me voar...

Deixa-me ...
Ave solitária,
Que ruma ao mar longínquo,
Sem porto de abrigo,

Deixa-me...
Só, me deixa ...

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Invisível ...

Acorde de uma viola que não ouvi,
Mãos que acariciam e não sinto,
Olhar que não me pertence,
Quietude melancólica,
Lua cheia onde se amam,
Algures num voo silencioso,
Trocam letras entre os dois,
Porta entreaberta ...
Deixa passar suspiros de paixão ...
Deixo-me perder para te encontrar,
O teu nome beija os meus lábios,
Ecoam prantos de saudade,
Na inquietude do vento norte,
Vão adiando a última dança,
Descalços sobre a areia húmida,
Salpicados por mil pingos de maré,
Ao mar ensinam a melodia do amor...

Posso ainda vê-los ...

Estreia...

Visto-me no meu camarim,
Lugar mágico onde me transformo,
Um novo palco espera por mim,
Acendem-se as luzes,
Implacáveis caem sobre mim,
Não tenho como fugir,
Esperam que represente o meu papel,
Bem ou mal
Aguardam uma resposta ...
Vestida a rigor,
Observam-me ...
Apetece-me fugir, evaporar-me, sair dali,
Fala-se de números, números e mais números,
De repente conheço histórias de vida,
Queria poder fazer tudo, não posso,
Vou fazer nada, o que posso,
Disfarço uma lágrima com um sorriso,
Não, não é esta a minha peça ...
Faltam as emoções, tudo é a frio,
Falta a magia de dar ...
Sobram números, faltam afectos ...
Queria poder
Tirar os sapatos,
Saltar do palco,
Correr entre a plateia,
E sorrir, sorrir, sorrir...

domingo, 12 de outubro de 2008

Amam-se...

A aragem era fria, cortante,
O corpo temia o encontro com o amor,
A inconsciente vontade de ser livre,
Aniquilava o desejo de amar,
Esbatia-se a íngreme escalada,
De quando em vez,
A um outro universo,
Espíritos que vagueavam,
Na busca incessante de um encontro,
Longe de tudo o que imaginara sentir,
Estavas tu e ela, diferentes,
Um e outro partilhavam somente nada,
Na solidão uniam-se sem saber,
Sem querer, compreendiam-se,
Num passo desencontrado,
Num bailado musical, de letras
E de afectos decifravam sentimentos,
Amam-se nos sonhos,
Entre as dunas e o luar,
Escrevem poemas e música
Rasgam o papel onde está escrita
A história que os une ...
Esta terá um fim inesperado,
Desconhecido,
Trágico talvez...

sábado, 11 de outubro de 2008

É assim...Não...

Silêncios que são gritos,
Multidões que passam despercebidas,
Músicas que não se ouvem,
Vaidades que se passeiam nuas,
Pessoas diferentes a quem chamam loucos,
Donos daquilo que não lhes pertence,
Inventam-se génios que não existem,
Humildade saiu pela porta dos fundos,
Deslocados lançam-se no abismo,
A escrita deixou de ser palavra,
Valores desfilam na passerelle,
Significado de dar é ... desconhecido,
Os sentimentos já não são redondos,
Confunde-se a verdade com a mentira,

O amor não se faz, sente-se...

Poderá ser assim ...

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Com o mar ...

A lua ilumina o meu quarto,
Acordo com a melodia do mar,
Levanto-me a meio da noite,
Piso o chão gelado de uma varanda,
Arrepia-se-me o espírito perdido no nada,
A distância transforma-se em alucinação,
O mar imenso chama por mim,
Pede-me companhia noite fora,
Avisto um barco ao longe,
O orvalho acaricia-me o cabelo,
Beija-me o rosto frio, respiro mar,
Escapa-se uma lágrima,
Temo tudo isto, cada olhar, cada palavra,
Apetece-me entrar no mar,
Coberto pelo denso nevoeiro,
Protege-me da solidão,
Partilhamos os nossos segredos,
Amanhecemos juntos,
Aos poucos a neblina que nos separa,
Volta a juntar-nos ...

Fugitiva...

A lua esqueceu-se de nós,
O amanhecer não despertou,
As estrelas deixaram de brilhar,
A varanda continua vazia,
O vento apagou os nossos passos ...

O nosso amor naufragou no mar,
O vento soprou as letras do teu nome,
Anoiteceram os sonhos,
Que outrora despertavam,
Caminha só, sorri tristonha ao luar...

Lágrimas que deixo perdidas á beira mar,
Memórias escritas na areia molhada,
Que o mar teima em apagar,
Empurrada por um Deus selvagem
Naufragou a minha alma ...

O teu nome...

As noites, são instantes de recordações,
A distância fez-me acreditar, sentir,
Cada abraço mais apertado, cada beijo,
O teu perfume, a tua voz meiga,
Num reencontro de amantes,
Que não poderá acontecer,
Inspiro a brisa de um mar rebelde,
Numa angústia que deixei a minha alma beber,
Saudade inquietante e desorganizada,
Espreito a lua, oiço o mar ali tão perto,
Desobediente e sedutor,
Fecho os olhos ...
Pergunto a alguém ...
Porquê?
Não responde ...
Aguardo em silêncio ...
Não sei o teu nome ...

Partículas...

Neblinas suspensas de mistérios,
Onde o sentir da terra se une ao pulsar do mar,
Toque de um desejo adocicado,
Embebido em segredos que ficam por revelar,
Em ruas demasiado estreitas para os meus sonhos,
Embriaguei-me de momentos,
Numa loucura proibida,
Dancei na areia enfeitada de espuma,
A lua iluminou o meu palco,
Corredor de encontro com o amor,
Onde estrelas foram a plateia,
De um momento mágico...

sábado, 4 de outubro de 2008

Segredos...

Grandioso,
Mar rebelde,
Corre ao meu encontro,
Deixo-me levar pela sua força imensa,
Milhares de grãos de areia irrequietos,
Brincam com os meus pés,
As ondas da saia beijam docemente
Os folhos azuis do mar,
A meu lado um desconhecido,
Cruzou o meu caminho,
Faz parte da minha história,
A canção do mar confunde-nos as palavras,
Louca! Sussurra-me ao ouvido,
Revelamos segredos ao mar,
O céu deixa cair estrelas ao mar,
A lua serena empurra a maré cheia,
Os corpos gelados emanam emoção,
Deixam juntos o mar e o céu,
Pisam a mesma areia,
Seguem caminhos opostos,
Ficam apenas os segredos,
Guardados no mar...

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Esperança ...

De repente não reconheço os meus desejos,
Tão somente mergulho sem conhecer
O mar em que caio desamparada,
Desconheço tamanha sensação,
Nada me parece verdade,
Traí-me a mim mesma,
Assisto a tudo, olho á minha volta,
E pergunto a mim mesma,
Onde, onde será o próximo porto de abrigo?
Ave migratória, que ruma a destino incerto,
Viajante solitária, arrisca sem saber ao certo,
O que encontrará pelo caminho,
Respira medo, mas continua confiante,
Com o coração machucado e triste,
Sobe pela última vez a rampa, que
Sobe e desce á uma vida,
Olha agora, e diz adeus ...
Sabe que um anjo olha por si ...




Porque existo ...

Porque existo ...
Acredito ...