terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Partir Sem Ti ...

Vislumbro a sombra da tua presença,
Mora em mim um lugar só teu,
Falo-te de mim sem nunca te poder dizer,
Num lamento que me arrepia a alma,
Suspiro de um Anjo que me protege,
Flor que navega num qualquer mar calmo,

Precipicio desfeito de memórias,
Pintado pela cor das tuas mãos,
Choro do céu que encharca a minha alma,

Música que respiro para sobreviver,
Última viagem sobre um eco de emoções,
Leva-me sem saber se algum dia voltarei,
Nostalgia que o tempo não silenciou,

Perco-me no meio do nada que me envolve
E me aniquila, seduz-me o delírio de acreditar,
Logo, apenas mais logo,
Sou um grão de areia no mar salgado,
Um pouco, nada mais que um pouco,
Sou um pedaço de céu azul celeste,
Desconhecido, sem desconhecer quem sou,
Sou pólen de um girassol lançado ao vento,
Outrora num lugar só ...
Agora o adeus diz que é meu ...
Amanhã serei a saudade ...

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Só ...

Apetece-me o aconchego do colo da lua,
Ser este mundo e a imensidão do infinito,
Preciso de um mundo em forma de concha,
Quero sentir o chão molhado de sal,
Ser invisível e tocar as nuvens que beijam o mar,
Ter da Lua a luz suave que quero beber,
Segredar meus desejos a Iemanjá,
Ser alma transparente feita de Mar e Lua,
Aprender com o luar os quatro passos de dança,
Tocar o céu com a brisa perfumada de um jasmim
Voar nas asas do vento e partir a cada anoitecer,
Povoar em mim os sem mundo que eu imito,
Levar teu barco a ancorar no meu Porto,
Corre entre os meus dedos um rio de lava,
Pintado com a cor das minhas guerras,
Guardo nos meus lábios o doce amargo da paixão,
Que as estrelas sussurram a cada cintilar,
Sobre mim o afago de um anjo perdido,
Sinto-o invadir o meu espírito que serena,
Sossega a minha alma com o baloiçar das suas asas,
E só, só, aquieto e adormeço ...
Sem tempo, sem estar só ...

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Sem Lugar ...

Fere cada dia que passa e o vento não anuncia a minha partida,
A coragem parece disposta a não chegar, sofro em silêncio e agonia,
O céu deixou a porta entreaberta e não tenho mais força,
Prende-me a alma demente, amarrada a um corpo que me repugna,
Impõe-se-me continuar a viver, a existir...
Demasiadamente igual a não sei bem o quê, existo ...
Existo, existo, existo e isso de existir mata-me,
A minha estrela guia caiu ao mar desfez-se em grãos de areia,
As noites tornaram-se companheiras ingratas do infortúnio,
As lágrimas de mar que molhavam meus lençóis de sonhos,
São agora nódoas de sangue que meu coração derrama,
Dei tudo o que tinha, sem nunca nada ter,
Ousei pisar um palco onde não passei de uma triste figurante,
Em desespero rumo sem destino e sem direcção,
Não quero sequer ouvir meus passos ensurdecedores,
Que caminham despidos de sentido e sem deixar rasto,
Exausta peço companhia á lua, deixou-me, abandonou-me,
Trocou-me pelo nevoeiro cerrado onde a procurei e me perdi,
Ouvi o queixume de minhas mãos vazias de um lugar,
Esculpi um sonho feito de nada ...
Levou-o sem avisar, no meio de uma tempestade sem tempo...
Sem Lugar ...

domingo, 11 de janeiro de 2009

sábado, 10 de janeiro de 2009

Não Sou ...

Sou sem ninguém me ver,
Sou guerra que me destroi,
Sou chama que se apaga ao vento,
Estou aqui sem estar em nenhum lado,
Passo por ti sem me veres,
Sou partícula de ar que respiras,
Lufada de ar que queima a cada segundo,
Sou noite inventada sem nunca dares por nada,
Sou lápis de cor cinzenta ...
Que deixa voar as cinzas
De uma fogueira que flameja,
Sou final sem conhecer o começo,
Sou tempestade que o mar sossega,
Sou a imperdoável forma de existir sem ser,
Sou o grito do medo em silêncio,
Sou o vazio que me toca,
Sou eu que em vão chama o teu nome,
Sou eu quem beija a tua alma ...
Sou quem reza sem saber se existem milagres,
Sou um lugar onde ninguém habita,
Sou filha de um Deus Maior,
Sobrevivente da solidão,
Dos abraços que sobram,
De um labirinto de afectos,
Onde cada beijo sacia a minha alma
E os anjos celebram cada encontro...
Sou filha de uma "Ameixa" lilás ...
De um tempo que não tem fim,
De um fim que não tem tempo ...
A guerra nunca acaba,
A vida sim ...

domingo, 4 de janeiro de 2009

Aqui Sem Ti...

Longínquos vão os sonhos d'outrora,
A euforia mágica de viver intensamente,
Seduzida pela luz da lua e o mistério do mar,
Namoriscando de perto as estrelas,
Emoção vertiginosa de uma flor de pêssego nos lábios,
Num trilho perfumado pelo amarelo das acácias,
Feitiço onde a alma voa com asas de Condor,
O mar imita as ondas dos cabelos cor de céu,
Suspiro de brisa primaveril no corpo,
Posso tudo, o mundo é meu,
Sou actriz e poema, sou música e bailarina,
Voo com o vento pelos quadros da memória,
Pinto um arco íris para iluminar a noite,
A lua prateada irradia tons de lilás,
As estrelas cintilam no meu tesouro,
Escrevo sobre viagens que não fiz,
Respiro ilusões de olhos abertos,
Rasgo os muros que fazem sombra,
Grito por uma só noite ...
Desvario de uma mulher que fui ...

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Para Ti...

Se caminhos opostos,
Um dia se cruzarem,
Se o nosso olhar se prender,
Para não nos deixar partir,
Se um dia nevar entre as nossas mãos,
E ainda assim ficarem juntas,
Se ouvirmos juntos a tempestade lá fora,
E nos parecer uma doce melodia,
Se a música unir os nossos corpos,
E um beijo nos parecer mágico,
Se num chá de aroma silvestre,
Nos embriagarmos de paixão,
Se a distância deixar de existir,
Mesmo longe de ti...
Se o teu perfume deixar no meu corpo,
O aroma do desejo,
Encontraste a minha alma,
E nesse dia,
Eu serei tua...

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Anunciada...

Procuro desmesuradamente um motivo,
Uma razão mesmo sem sentido,
Um caminho que indique uma direcção,
Uma voz que chame por mim,
Um olhar que sorria quando me vê,
Busca incessante e vã...
De mãos vazias e coração desfeito,
Desisto, desisto de tudo ...
Invento que sou importante para alguém,
Chamo-me de louca para continuar,
Mendigo pedaços de afectos,
Que não chegam ao meu encontro,
Só tão só, desfaleço no meu recanto,
Faço-me mal e jazo numa escuridão sem fim,
A virgem olha para mim e chora lágrimas de sangue,
Sabe da minha dor, da ferida que queima e não sarou,
Revolta-me a existência sem emoção,
Não quero andar, quero poder voar,
Não me orgulha sobreviver com tanto,
Quero apenas viver, viver mesmo sem nada,
Emocionar-me com um sorriso,
Com uma carícia no rosto de uma criança,
Ser abrigo e aconchego de gaivotas perdidas,
E no fim ouvi-las cantar e partir,
Nada me resta, sangra aberto o meu peito,
Ardem em chama os meus olhos molhados,
Entreguei a minha alma a um desconhecido,
Deslizam entre os meus dedos pedaços de mim,
Na minha pele o desejo de partir,
Estendo a minha mão para ti,
Não vens nunca ao meu encontro...
O tempo não te deixa voltar,
O meu tempo terminou aqui ...
Sem tempo para te avisar,
Que deixei de pertencer ...

Porque existo ...

Porque existo ...
Acredito ...