sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Pergunto eu...

Viver porquê?
Saudade de tudo!
Tristeza todos sentem...
Felicidade, o que é?
Amar quem, o quê?
Ninguém ama...
Querer, o mundo é infinito,
Ter o mundo...E não ter nada...
Esquecida de todos,
Amizade, quem já teve?
Liberdade, abuso, autoridade,
Não!
Palavra vaga...vazia...
Sim, mas porque não?
Ausência de um sentido,
Perder ou nunca ter,
Dor de alguém...
Sofrimento de um só,
Eu canto um sonho
Ser...
O que nunca serei...

Amanhã...

Historia por contar,
Poesia por escrever,
Música por ouvir,
Palavra por dizer...

E sem me aperceber,
Tudo fica por viver...

Não conto o que faço,
Faço o que não conto,
E sem contar a ninguém,
Nada faço por alguém...

Não vivo por querer,
Quero assim não o ser,
Vivo para que um dia,
Como todos irei morrer...

Sou uma pena,
Pena perdida, esquecida,
No centro do mundo,
Gritando do fundo,
Por aquilo que está perdido !

Mágoa por morrer,
Mágoa por não viver,
Saudade...

Pauta de um Dia...

Ser de ninguém, ser do mundo, ser de quem não sou,
Ser tua, ou não ser nada, ser apenas mais um ser,
Ser rei ou ser mendigo, rei de copas, mendigo de ases,
Pintor de ruas, entre janelas e vasos de orquídeas,
Essência de um escultor de sonhos, violino
Embrião de luz que outrora nasceu da noite,
Evidência que aniquila o inesperado e o invisível,
Nota musical começada em Si ,
Melodia de afectos que acaba em Mi,
Pingo d'água mel, num assalto de paixões,
Véu rasgado na brisa morna de uma primavera,
Faz-se impor o tempo, que não dá tempo,
Num oceano de pura ternura que aumenta,
E se transforma em majestosas labaredas de paixão,
Que se apagam num segundo, e deixam entre as cinzas,
Partículas acesas de esperança...

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Beija Flor...

Num raminho desamparado, que baloiça,
E se debruça, um olhar azul descuidado,
Saltita de folha em folha, quebra e cai,
Tropeça de galho em galho, mas não pára,
Esconde-se entre a folhagem,
Confunde-se numa sinfonia sem fim,
Afasta as nuvens com o chilrear,
Voa, abre as asas e voa,
Num voo sem destino, sem roteiro,
No bico leva sementes de amor,
Que deixa nas mãos de cada menino,
Na ponta dos dedos uma paleta de aguarelas,
Pintam as sementes da cor do arco íris,
Em cada cantinho de brincadeira,
Uma semente fica perdida,
Desabrocha com a manhã,
Cedo, bem cedo, os Meninos,
As sementinhas, e o Passarinho,
Juntos num burburinho sem fim,
Dão as boas vindas á flor,
Inventam melodias,
Pintam o mundo,
E entre eles o amor...
Juntos beijam a flor...

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Ficarei para ver meus olhos sorrir...

O nosso amor vive no mar alto,
Onde os mistérios do amor se escrevem e encerram,
Começam á beira mar, abençoados pela maré baixa,
Se por breves segundos, tivesse o teu olhar, o teu gesto,
Aninhar-me no teu peito perfumado de notas musicais,
Melar teus lábios com uma gota de mel,
Se tivesse um minuto, um minuto apenas para me dar,
Rebolar nas dunas ainda húmidas e com sabor a sal,
Perder-me entre os teus dedos cobertos de areia,
Ser tua amante por um dia ...apenas eu ...tua amante,
Poder olhar a lua, e segredar-lhe o nosso amor,
Escrever um poema a dois, onde em cada letra,
Em cada palavra, pudessem ler um amor proibido...
Amo-te a ti, homem livre, amo-te assim...
És o meu poema, a letra da minha canção,
A minha melodia num dia quente de verão,
A chuva não para de cair, pinta no céu um arco íris,
E deixa no ar um cheiro de começo de vida,
Dói demais não poder dar, não estar perto,
Não poder tocar, abraçar, não poder ficar,
A ausência que magoa, a presença que enlouquece,
Ferida que não sara, lágrima de sangue que estremece,
Aparece sem avisar, mancha meu peito...
Meus olhos sabem que não podem sorrir,
Sabem que não ficarás, sabem que não és meu...
Eu ficarei, ficarei á espera de ver meus olhos sorrir...


Probabilidade...

Sem autorização,
Meu corpo deixou de me pertencer,
Traí meu coração,
De repente não fui eu,
As mãos húmidas,
Os olhos fintaram os teus,
Estive por momentos ausente,
Tudo ao meu redor desapareceu,
Fiquei eu e tu,
Tomei um soro que me hipnotiza,
Que julguei poder controlar,
Foi mais forte...
Sabes, tu sabes...
Eu sei...

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Passeio...

Solta-se o vento, embala o andar, responde a cada olhar,
Num breve sopro, as ondas do cabelo revelam um rosto,
Ondulam nas dunas de um mar de seda,
Perfumado de amoras silvestres,
Num arco íris de veludo pintado a aguarelas,
Numa tela onde o mundo roubou as cores,
Baloiça a sombra ao relento na noite que agora acorda,
O corpo segura a razão preza a duas lianas cor do mundo,
Enquanto sonhos entrelaçados a uma emoção que não acaba,
Inventam maneiras fugazes de se realizarem,
Vagueia pela fantasia daqueles que não acreditam na magia do reencontro,

Na insana loucura de ser, ser o inverso do ser vulgar,
Racional, perfeito, normal, fujo do normal...
Experimento não ser, troco de personagem,

Invento sentimentos de afecto, não receio,
Arrisco, não adormeço, digo o que sinto sem medo,

Vivo a tormenta do destino no cabo da desventura,
Daquilo que o acaso reservou para mim,
Em cada viela da coincidência que habito,
E ás quais troco as voltas, não obedeço, sou do contra,
Contra aquilo que chamam de inevitável,
Abuso das emoções, das sensações, dos sonhos, dos sorrisos...
Sou uma abusadora das emoções,

Permaneço na expectativa daquilo que desconheço,
Sonhadora, romântica, louca, um pouco de tudo, reconheço...
Que me importa, loucura sã que me fascina,
Que me devora, e faz de mim quem sou...
Meu verso é meu inverso, minha canção uma melodia desconhecida,
Meu corpo um bailado, minha vida breve intervalo entre a nascente e a foz,

Minha sombra é cor do mar, caminha no sentido do vento,
Meu destino o acaso, coincidência ou não, aconteceu por um acaso,
Resta de mim um regato de água que perece no mar...
Viciada na paixão, sustento meu vício com lágrimas que bebo,
Com o desvario de encontros desmarcados e desencontros marcados...
Num levitar de letras desarrumadas e sem sentido

Desenleio cada querer, desfolho num malmequer,
Pétalas de desassossego que apenas releio aqui...
Pés descalços, levito e repouso no colo da lua,
Mima-me, abraça-me, e dá-me um beijo,
Luar de afectos num mar de paixões...

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Labirinto...

Sem ti, o perfume perde-se no vento,
Aragem fria de uma madrugada de Agosto,
Na pele uma arrepiante sensação de medo,
Em cada suspiro, respiro a minha solidão,
Em cada gesto teu, aprendi uma nota musical,
Fugitiva, numa densa floresta de emoções,
Labirinto que não consigo resolver,
Estou exausta, exausta, dói cada parte de mim,
Dói não te ouvir, dói não te falar de nada,
Dói a tua ausência, e a minha presença inútil,
Despropositada, medíocre, dói cada instante,
Nos meus olhos a fadiga de quem clama,
Eu sou mar, infima gota num mar imenso,
Mas sim sou mar, deito uma flor de jasmim,
Aqui onde bebe a minha alma, e o meu corpo
Se confunde, mas encontra o seu lugar,
Lugar de mistérios, a lua é o meu baloiço,
As estrelas descem á noite e emprestam a sua luz,

Cintilam tesouros perdidos, as sereias entoam seu canto,
As estrelas do mar rejubilam de todas as cores,
Pouso por momentos em cada recanto,

Labirinto de emoções, de sensações,
Denso labirinto, que me fascina e me seduz,
E não acaba, não, não acaba nunca...



Pequenina, eu sou...

Limito-me á felicidade de quem amo e é feliz,
De quem de um modo selvagem, ama,
Cede, mas não deixa rasto, pisa o chão que ama,
Respira o ar que o alimenta, o cheiro do mar,
Livre, seus olhos são o espelho dos meus sonhos,
Das minhas viagens, nos seus passos, caminho,
Passeio as minhas aventuras, liberto a minha alma,
Pequena, pequenina, feito grão de areia, espreito.
Espreito, e aguardo o momento de o poder abraçar,
De poder assaltar seu espírito, sem avisar,
Sem me fazer notar, sorrateiramente e ao de leve,
Fico, quietinha, bem quietinha a um canto,
Oiço o mar, o seu respirar, a sua gargalhada,
O bater de um coração que ama inquieto,
Confundo a cor da sua pele no meio de uma planície,
Sinto a sua sede, o seu desejo que lateja em cada veia,
Dou-lhe a beber as lágrimas, que deixo cair sem querer,
Confunde-as com os beijos doces da sua amante,
Pára, adormece por breves instantes,
Num voo rasante, as nossa almas chegam a beijar-se,
Mas logo desperta, errante continua a sua viagem...
Eu, pequenina, continuo ali...

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Não apenas Ser...

Ser,
Ser apenas,
Mas,
Inexplicavelmente,
Insensato, atroz, vil, cruel,
Por momentos,
Inventado,inexequível,
Procuro definir, o que não entendo,
Os olhares que ferem, as palavras que corroem,
A indiferença que o homem alimenta,
As acções inócuas de qualquer vestígio de humanidade,
Caminha-se no escuro em pleno meio dia,
Simplesmente para não olhar, para ignorar,
Jorram gritos de desespero,
Mas o homem deixou de ouvir,
As Primaveras morreram assassinadas,
Pelas mãos de um ser menor,
Levantam-se bandeiras em nome de nada,
Erguem-se a vaidade e a hipocrisia,
Em nome de um estatuto social,
Diz-se, diz-se de social porque de humano,
De ser humano não tem nada,nada tem
Apenas visionamos,
Visionamos, estatutos, classes, mundos,
Já não homens, mulheres, crianças,
Apenas e somente seres da mesma espécie,
Divide-se o mundo, pela cor, pela religião,
Pelo crude, pelo poder, unicamente pelo aspecto,
Ou ridiculamente por nada,
Apenas nada, que justificam com o tudo...
É este o mundo a que pertenço? pergunto...
Ser humano, apenas ...
Não ser apenas ser, mas por momentos,
Ser humano...





domingo, 17 de agosto de 2008

ALUAEU

Prefácio de uma história inacabada,
Onde a cor do teu olhar, ainda não encontrei,
Estonteantes, voltas e reviravoltas, de incertezas,
De bailados de sonhos cobertos da melancolia de uma espera,
Uma espera que parece não ter fim, espera infinita,
Uma noite após outra, abraço a lua,
Enquanto esta, vaidosa, se veste de gala e reflecte o seu brilho,
Olha nos meus olhos, e choramos as duas,
Ambas sabemos que o amor existe, mas não nos pertence,
Vivemos, sob o olhar dos que amam,
Loucas de paixão, emergimos na noite, somos únicas,
Solta-se a alma, transforma-se como por magia,
As estrelas enfeitiçam cada lugar do meu corpo,
Descem á terra, e brincam com o meu cabelo,
Para que não tenhas ciúmes vestem-te de lua cheia,
A mim de um desejo imenso de paixão,
Soltamos sorrisos tolos, ingénuos,
Amor inocente, aquele que nos une,
Sereno, meigo regressa todas as noites,
Tranquila espero por ti, a cada anoitecer,
Não esqueças nunca de olhar nos meus olhos,
As lágrimas essas terão sempre o mesmo sabor,
Porque sei que estás aí...

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

MARIA

Delicada, doce,
Porque choras, pergunta...
Temo responder, estou triste...
Fica por perto, beija-me...
Passeia, rodopiando em redor da minha cama,
Procura uma razão para poder ficar...
Acaba por adormecer, junto a mim,
A sua mãozita, segura o meu braço,
Como se dissesse, mãe estou aqui...

Sentir como quem sente...

Esperei, esperei tanto,
Com a incerteza de quem espera, sem saber ao certo,
Pelo que espera, num desespero, ansioso e aflito,
Aguardei a cada momento uma palavra somente,
A cada acordar, a cada adormecer,
Encontrei uma razão para continuar a espera,
Encontrei mil motivos para parar de esperar,
E menti, menti a mim mesma, uma mentira sem fim,
Ouvi os teus passos, enganei os meus desejos,
As minhas dúvidas, essas já se haviam desfeito,
Mas a lua com a sua luz pecadora, devolvia a cada noite
A tua presença, o teu perfume...
O meu amante... fazíamos amor...
Deixei de saber quem sou, quem és, quem somos afinal,
Nada, simplesmente nada,
Pela manhã, nada mais existe,
A não ser a luz de mais um dia, o inicio de mais uma viagem,
Que me diz que tudo não passou de apenas mais um sonho,
Um sonho apenas, ao qual a madrugada ensina a acordar...
E a manhã traz de novo as letras da dura realidade,
A tua ausência...

O meu nome apenas...

Talvez um dia,
Se eu desistir, um dia talvez, se por um acaso eu desistir.
Não me julgues, não me culpes,
Não me apontes o dedo, nem sequer me desvies o olhar,
Olha nos meus lábios, agora sem batom, sem sabor, vê como perdi o sorriso,
Nos meus olhos já fechados, continuam a escapar-se lágrimas,
Que percorrem o meu rosto, e caem desamparadas.
Assim sou eu, acaricio levemente aqueles a quem amo,
E caio, caio desamparada, num mar de tempestades,
Onde o vento abruptamente me derruba, me impede de levantar,
A chuva encharca o meu corpo de uma imensa tristeza,
Que me percorre e irrompe pelo meu peito,
Como gotas de água sobre rochas afiadas que rodeiam a enseada,
As minhas mãos, agora geladas, nada levam,
Vazias, vazias de tudo, vazias de nada,
Nada deixei, nada levarei, deixo quem mais amo,
Não, nunca fui amada, nunca fui amada, nunca…
Porque, teimei, insisti, forcei, acreditei,
Fui feliz, sim também fui feliz, feliz…
Sonhei, sim sonhei, ah… como sonhei,
Tudo o que sonhei, foi mágico, mágico...
No meu corpo, em cada marca, em cada sinal,
Em cada desejo, a minha alma desapareceu,
Eu, eu não sou mais eu…
Insensível, imóvel, serena, tudo se desvanece,
Ficou o meu nome, sim o meu nome,
Esse talvez alguém um dia possa lembrar…
Possa até talvez chamar...quem sabe um dia,
O meu nome...
Apenas o meu nome...

TACTO

Escrevo, sem palavras, sem sons, sem letras,
Escrevo com a alma, aqui onde moro, onde vive a minha alma,
Peço emprestadas as sílabas de um nome, as vogais de um adjectivo,
Roubo vezes sem fim, verbos no passado, para acreditar no futuro,
Liberto as vogais do teu nome, guardo as consoantes,
Encostadas á melodia de uma viola, que deixei de ouvir,
Reconto os minutos, as longas horas da tua viagem,
Que não termina nunca, invento...
Aprendi de novo a tabuada, de dividir,
Divido-te com o mundo, o teu mundo, ao qual não me adicionaste,
Somas amantes, amigos, poemas, músicas, viagens,
Comigo aprendeste a subtrair, desejos, paixão, carinho,
Riscos, são cada momento, cada acordar,
No mundo das letras, dos números, perco-me,
Esqueço quem sou, vivo, empresto a minha alma,
Deixo na ponta dos dedos o meu ser, o meu coração,
A razão de existir um novo rumo,
O imperativo de haver um infinito, o desconhecido,
Por milésimos de segundos, fico sem pensar,
Sem respirar, inexistente, ausente,
Estranha forma de ser gente...
Estranha forma de amar...

Porque existo ...

Porque existo ...
Acredito ...