terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Letras de um Sonho ...

Aninhei as vogais em palavras para te falar de amor,
Soletrando em voz baixinha as notas de um poema,
A pauta do piano que ouvimos oculta-nos segredos,
Sem te saber aí, espero de uma estrela um sinal de ti,
É tão fácil encontrar-te sem conhecer o teu caminho,
Quando a lua, vestida de prata te traz até mim,
Faz algum tempo que nasceste para mim,
Não sei ao certo quando, não importa ...
Distante perfumas com pétalas de emoção cada silaba,
Cada traço que desenhas no nosso céu ...
Juntos temos o mar, a lua, o sol ...
Respiro a música, visto o meu corpo de dança,
O vento pintado de Primavera acaricia meu rosto,
Perfuma a brisa suave que beija teus lábios,
Nas noites em que a lua faz amor com o mar,
Encanta-me cada detalhe que aos poucos te percebo,
Quero-te assim tão longe que te sinto aqui,
Deixo-te o meu perfume, pétalas de rosa ...
A minha pele, flor de um pessegueiro no mês de maio ...
O meu beijo, mar salgado de saudade ...
As minhas mãos, vazias de tanto mendigar...
Pinto a minha voz em cada palavra que escrevo ...
Silencio no medo o desejo de te encontrar ...
Dou-te tudo o que tenho ...
Letras de um sonho ...

Para ti, JJ ...

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Começou Ali Mais Um Dia ...

Um dia mais começara ali,
Foi assim, intenso sempre tão intenso,
Abandonei o lugar onde imóvel permanecia o meu corpo,
No meu peito galopavam selvagens mil cavalos,
Tão perto de um sonho que quase toquei as suas asas,
Estrela de condão que enfeitiçou de prata a noite,
Num momento de pura magia e paixão,
Rasgou o denso véu de escuridão que castrou cada desejo,
Incontrolável uma estrela cadente invadiu a sala,
Irrompeu veloz a caminhada que escolhera,
Tempestade de emoções á flor da pele,
Malmequer amarelo onde o sol colheu a luz,
Palco onde me encontro e sou feliz,
Borboleta azul vestida de prima bailarina,
Melodia estridente que me alucina e me acalma,
Misto de sensações que me arrastam até mim,
Devolvem á minha alma um sorriso e uma lágrima,
Regresso sem tempo a ti ...
22 nunca será nosso ...
Escreveste no teu olhar ...

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Fui eu ...

Adormeço a tristeza na minha almofada ,
Bordada com a ternura de uma saudade imensa,
A luta deixou de ter qualquer lógica,
Esculpir esmeraldas ou estátuas na areia da praia,
Nada mais importa ...
As cores tornaram-se pálidas sem cheiro,
Gosto do escuro frio do meu quarto,
Do silêncio, de estar sozinha no meio da multidão,
Pensamento que não controlo e se escapa,
Caixinha de memórias onde paro para sentir,
Mascarei a minha estadia com um nome,
Uma morada, um retrato colado na parede,
Sentença suprema que lentamente me sufoca,
Minha pena maior é ser gaivota e não ouvir,
O coração dos pescadores, o canto das sereias ...
Não pisar a proa do veleiro onde partes
De viagem a cada madrugada ...
Procuro-me num recanto onde um dia ...
Sem perceber fui eu ...

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Quando chegares ...

Deixei o teu olhar espreitar a minha alma,
Ver a luz de cor transparente da minha aura,
No cantinho do meu olhar brilha um cristal,
Habito um casulo feito de trapos de afecto,
Suspenso pela brisa que deixas quando passas,
No começo de uma rua desfeita por tanto caminhar,
Tropeçando aqui e ali desisto de mim,
Tão cansada tudo á minha volta é gigantesco,
E eu tão pequena, tão sem nada, tão assim ...
Tão sem jeito que o vento me empurra contra a vida ...
Baloiça o meu andar e brinca de dançarino,
Num bailado estonteante com o meu cabelo ...
Invisível a minha alma não conhece a voz da razão,
Busca incessante que não entende ...
Ensinei-lhe a viver de emoção ...
Perdi metade de mim ...
Quando chegares ...
Quem sabe se estarei aqui ...

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Segredo ao luar...

Apetece-me falar de um amor mágico,
Onde a minha alma embriagada flutua,
Enquanto arde de desejo meu corpo,
Imitamos o bailado das labaredas que flamejam,
Tocas-me, enfeitiças-me com um beijo,
Perfumado com licor de cereja e canela,
Bater de asas de uma borboleta,
Que nos meus lábios docemente pousou,
Perdes no meu corpo as tuas mãos,
Á minha alma sussurras baixinho o teu amor,
Saboreamos o gosto da paixão,
Entre lençóis de cetim lilás,
Desenhá-mos húmidos os nossos corpos ,
As palavras escritas gritam agora em silêncio,
Múrmurio azul que o vento anuncia á lua ...
Esconde-se o sol para não amanhecer,
As estrelas prendem a noite á nossa volta,
Selamos o tempo com a alma num beijo...
Somos labirinto onde nos perdemos
Um do outro ...
Somos labirinto onde nos encontramos
Um ao outro...

domingo, 15 de fevereiro de 2009

A vida num palco...

Amontoado de momentos que me assolam,
Resgate de palavras que não me entendem,
Deixei de anoitecer, perdi-me dos sonhos,
Velo a minha nula e vã existência ...
Nasceu um rio de tristeza no meu olhar,
Esperam-me abraços que já não sinto,
Passos apressados pelo corredor,
Que anunciam a minha chegada ...
Choram os quadros pintados pelas suas mãos,
Aqui e ali abandonaram o palco,
Monólogo que não aprendi a representar,
Numa plateia de sonhos e desejos,
Ficaram por sonhar, por desejar ...
Espero exausta o segundo em que a cortina cai,
Negra de tanto queixume e pranto,
Imensa para cobrir meu chamamento,
Alumiam meu peito pequenas candeias,
Que apaga com um rude sopro ...
Devagarinho aproxima-se meiga e serena,
Não me assusta mas temo o seu jeito,
A sua falta de encanto, o seu mistério,
Âmbar de um Deus que desconheço,
Faz de mim sua cúmplice e sorri ...
Sabe-me bem estar perto...

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Palco da Vida

Deixo cada recanto com a marca dos meus dedos,
Perdi três sóis que fizeram de mim flor,
Levo a minha alma cheia de tudo,
Só quis dar, apenas dar o que não dei,
Não aprendi o que me ensinaste caminho,
Fazia toda a diferença ser diferente, ser outra,
Um dia, um dia para ser diferente do que fui,
Sou igual a ti mulher de ninguém,
Absurdo inconsequente que se repete,
Também tu morreste assim aos poucos, só...
Sem ninguém ...
Lágrimas que derramaste sobre mim,
Caem agora sobre quem mais amo,
Não foi a solidão que te fez partir...
Agora sei ... Foi a tristeza, a
Tristeza, essa infeliz e cruel emoção que mata,
Seca sem dó qualquer semente de luz que germina,
Entregaste-me ao luar, deixa que a noite ...
A Lua seja minha companheira de viagem ...
Espera-me por fim para me abraçares ...
Deixa-me vê-los sorrir a teu lado,
Quero apenas estar por perto ...
De mansinho sem os acordar beijá-los,
Dizer-lhes baixinho enquanto dormem ...
Que os amo, amo tanto que dói,
Dói cada palavra, cada olhar, cada encontro,
Cada despedida sem direcção, sem sentido ...
Dói respirar o ar que me faz viver,
Sem ti ... Sem eles ... Sem mim ...
Morro ...

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Limito-me ao pó que restou...

Sobrevivo imersa num imenso lago,
Ondeando em círculos de mil cores,
Bem do fundo tento emergir ...
Sopro de alento desce na minha direcção,
Cintilante, forte, toca o meu olhar,
Bruscamente fere, magoa cirúrgicamente,
Onde pensei já não me encontrar,
Rumo ao suicídio mascarado de multidão,
Faz-me remar dizendo que vai acabar ali,
Vastidão de estranhos caíres devastadores,
Perco-me em devaneios que experimento,
Entendo-me sem tudo no meio do nada,
Caio, caio cada vez mais fundo,
Não existe um tempo para mim,
Iluminam o lado mais escuro do meu lago,
Três estrelas que um dia foram apenas minhas,
Deslizaram suavemente entre os meus dedos,
Deixei-as partir para não me deixarem a mim,
Saudade do toque meigo das nossas mãos,
Juntas trouxeram-me á tona ...
Fizeram-me acreditar que existia ...
Por um sorriso somente ...
Tudo fez sentido ...
Este pode ser o único momento,
O último abraço sem um lugar,
A despedida de um olhar desencontrado,
O gosto de um beijo sem tempo...
A sensação de te tocar por um instante
Conhecer a saudade e partir ...
Nada mais faz sentido ...
Assim ... parto para algures ...
Sem destino ...
Nas mãos o pó que resta
De um lago que agora secou ...

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Trilho ...

Movem-se num bailado estonteante,
Reboliço de emoções inesperadas,
Riso e lágrima desfolham um tempo ínfimo...
As pedras frias e húmidas moldam-se aos meus passos,
Em cada trilho mil vidas ali se cruzaram,
Tocam no fundo de mim os espíritos que vagueiam por ali,
Acompanham-me e escutam o meu pranto,
Morro com eles para os sentir,
Caio aos pés de Maria e rezo por um milagre,
Em cada recanto entoam mudos gritos de dor...
Entram mergulhados num vazio imenso,
Saem com a alma cheia de luz e fé,
Cabelo grisalho, voam descalços sobre mim,
Os anjos que sorriem pintados de arco íris,
Bendizem o amor que sinto ausente,
Uma brisa celeste toca docemente o meu rosto,
Eleva-me numa hipnose profunda,
De onde não quero mais sair,
Tranco-me no meu corpo ...
Riso e lágrima desfolham um tempo ínfimo...
Sente a minha ferida que sangra e dói ...
Pega-me no ombro e suspira, beija-me a face...
Volta, apenas volta ...
Um raio de sol espreita assustado dentro de mim,
Sou eu que preciso regressar aqui,
Por mim, por ti ...
Por um riso, por uma lágrima,
Por desfolhar um tempo,
Que é ínfimo ...

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Reflectem ...

A distância trouxe-te de volta,
Mar de mistérios, sonhos e magia,
Sob as cores que te pintam enfeitiças...
Amas como ninguém pintado de azul,
Fazes inveja ao céu que escurece,
Ergue montanhas de solidão,
E te transforma em mar cruel e revolto,
A Lua conhece-te e esconde-se,
Eterna amante ao anoitecer,
Ao vento emprestas as lágrimas,
Que fazes derramar ás estrelas...
Sorriem quando te pintas de prata,
E fazes amor com a Lua ...
Tiras ás mulheres que te amam,
O sorriso que assistes a cada encontro,
Pincelas de verde as tuas ondas,
Para colorir meus olhos de encanto,
Deixas que uma brisa te sussurre os segredos
Das madrugadas quentes dos amantes ...
Traiçoeiro e Rei de um tesouro escondido,
Cristalizas de cinzas os sonhos dos marinheiros,
Que amam como jamais alguém amou,
Morres de ciúme e pintas a sua vida de negro,
Cor com que te vestes para receber Iemanjá,
E dar-lhe de presente a minha alma ...

Meu Mar

Amo silenciosamente,
Ouvi um gemido vindo do mar,
Duna desfeita por uma onda que nos abraça,
Encandeia-se a lua com uma chama,
Que se acendeu entre o céu e o inferno,
Distante o farol avista Iemanjá que desperta,
Dói tocar, fere sentir sem querer, sem amar,
A lua esconde-se atrás de uma ilha,
As palavras soam distantes, vazias,
Chamo pelo teu nome em vão,
Acaricio o teu cabelo,
Respiro o perfume que não deixaste,
Entrelaço meu corpo molhado no teu,
As nuvens correm a tapar as estrelas,
Não existem dois mares ...
Deixo-a partir ... a minha alma,
Distante para não doer ...
Deixo ficar ... um corpo,
Sedento de desejo, caricias,
Aninho-me de mansinho ...
O frio faz-nos voltar...

És Tu ...

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Se meu coração deixar de bater,
Uma estrela mais brilhará no céu ...

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Livre ...Só...

Sereníssimo cada reencontro entre luamar,
Meiguice num olhar que mascara palavras com um véu lilás
A cinzento esculpi aves que num voo me alucinam,
Não existem luzes nem focos que me ofusquem a alma,
Deixo-te do meu peito uma intrépida melodia,
Clareiam os cinzentos que me envolvem,
Cintilam silêncios que escondiam medos,
Em meu corpo encarna terpsícore,
Danço para a Lua, minha sombra é meu par,
Irrompes sem cautela e sabes de mim,
É sublime a melancolia de um grito no silêncio,
Errante em cada encruzilhada que és tu,
Licor de néctar de um fruto proibido que bebo,
E me consome numa overdose de emoções,
Paladar de desejos que experimento,
Templo perdido onde viajo só ...

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Inspiro a vida para poder viver ...

Pincelo de azul o olhar fugidio,
Num intenso quadro circular de luz,
Suspenso numa pauta que entoa rouca a tua voz,
Desassossego de lágrimas vivas e cintilantes,
Último suspiro de uma alma em chamas,
Refúgio que permanece frágil e distante,
Instante que não senti passar,
Abstracta a saudade que já não sei sentir,
Deixei de ser palavra na tua boca,
Não sou o nome que o lápis de carvão desenhou,
Perdoa e deixa que eu exista assim,
Abriu-se o céu pintado de luto,
Veste-se de negro o mar que padece,
Arrasta-me o vento pelo asfalto que desconheço,
No desespero de uma luta desigual,
No meio de uma multidão de sonhos,
Perdi os meus num suspiro que não ouvi,
O medo faz-se intruso no meu peito,
Um segundo sem norte, deixo-me á deriva ...
Sem querer que haja amanhã,
Regresso a mim invadindo o corpo gelado,
Inspiro a vida e abraço a minha alma,
De volta, sem nunca ser viajem,
Sem te deixar ali ..

Porque existo ...

Porque existo ...
Acredito ...