segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Sentidos...

Ás vezes conheço-te tão bem
Outras há em que o teu olhar me escapa
Distante e frio trespassa-me a alma
Entorpecido o meu corpo estremece
Espírito de um mundo invisível que me envolve
Floresta selvagem onde me deixo perder
Essência de uma razão sem argumento
Clandestino este ar de amor que respiro
Desautorizado irrealizável interdito
Impossível ...
Volátil nos meus sonhos viaja sem direcção
Procura vã, desvario este vicio de loucura
Delírio de uma culpa admitida
Náufrago ao largo neste mar de sentidos
Já sem sentido e sem sentir
Frenesim em contramão experimentado
Serício esta linha que de escarlate nos une
Errante esta paixão desencontrada
Presságio de uma morte anunciada
Entre duas mãos uma estrela apagada
Pelo último suspiro de amor
Que um dia acendeste no meu peito
Com um beijo de desejo imaginado
...
Estranha magia que o teu beijo seduziu

sábado, 21 de novembro de 2009

Nós ...

Posso ouvir lá fora o eco
De um amor perdido no meio de nada
A voz da minha paixão em tom menor
O toque frágil e puro da ternura
Oculto desde o começo
Suspiro que uma pétala de rosa
Deixa baloiçar de branco a saudade
Brisa majestosa que fez o vento
Soprar a distancia imensa que nos separa
A cor de um arco íris pintado de sonhos
Tão diferentes que em telas opostas
Surgem vidas desencontradas

Armilar ...

Ouve o canto de um coração
Cada vez que em silenciosos choros
Caiem longos fios de chuva
Pranto que o céu deixou cair
Agrura que num rascunho
Alguém se esqueceu de apagar
Deus maior que protege
Panaceia que num denso nevoeiro
Se resguarda e desvela
Anoiteceu mais cedo esta noite
Num dia feito de oferecimento
Resta um papel em branco
Dúvida que embora doa
Continua de guarda um anjo
Fica na memória um sino
Que toca a rebate a ternura
De uma restea de vida
De onde apenas subsistem cinzas
Insurreição este definhar de mim
Soltam-se lágrimas que esculpiram
No meu rosto o teu nome

terça-feira, 17 de novembro de 2009

O Sorriso da Lua ...

Sentir esta noite...

Embora na dúvida que resta
Ás vezes de mim ausência cruel
Um vazio imenso, esboço deserto
Pressentir nostálgico
De uma maré de águas vivas
Onde o encontro simulado
Do sol com a lua
Tumulto de emoções acreditadas
Ermo desabar num chão silencioso
Alma em retiro
Queda de um corpo desabitado
Invade-me uma Luz
Que me põe á prova e me influi
Detenho-me demoradamente
Adio o reencontro com a multidão
Ilibada regresso da luz
Cruzei por momentos o teu olhar
Que me alumia e me deixa sobreviver
Pulsar que me fere ao tocar
Sentinela do meu sonho
Inebriante o teu sentir em mim
Algures numa página por escrever
Num tempo que há-de vir...

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Jaze de amor uma rosa ...

Resguardo de mim
Palavras onde me abrigo em segredo
Intempérie que um sopro cuida em silêncio
Concha refúgio da minha alma
Enseada albergue do meu corpo
Dicotomia anacrónica da libido
Ninei-me no meu exílio
Reclusa desconforme do senso comum
Esboço de um resvalar iminente
Tracejar um amanhã em veredas
Que os caminhos não conhecem
Passeia em devaneio um Querubim
Rondou o meu olhar
Álibi que uma lágrima desmentiu
Ilícito jaze este desejo de ti
Toada que o vento descreve
Embargando no céu as palavras
Que ripostam em grossos pingos
Irrompendo de um olhar cerrado
A dor intensa de um amor
Que nasceu de uma fonte
Onde desencontrados fomos beber
E a magia saciou os desejos
Em dois luares
Perdidos por um grão de areia
Que o mar enamorou

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Intervalos ...

O céu cerrado vestiu-se de asfalto
Os passos adivinham-se pesados
Lentamente procuro um rumo
O meu ...o nosso...
Um muro feito de dúvidas instala-se
Num deserto estéril de sentidos
Brotam impulsos sem palavras
Arquitectura de emoções insculpidas
Nidificam num mar selvagem
Aúgurio que a Lua oculta
Foco luminoso que as nuvens intervalam
Seara que o joio aniquilou
Inconsciente compõe-se de melancolia
Apazigua -me a noite
Em versos desenhados de afectos
Ininterrupta nostalgia que me aniquila
Eira indiferente ao trilhar de cada colheita
Mora um véu entre nós

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Não tenho ...

Sou do mar amante
Confidente das quatro Luas
Imito o leve movimento do vento
Deixo-me amorar pelo sorriso das estrelas
Delicio-me com o fruto das silvas
Passeio pelas cores do arco-íris
E paro na cor azul para espreitar o céu
Voo nas asas de uma borboleta
Estonteante pousa de pétala em pétala
Fascina-me a melodia de uma cascata
Mergulhar numa tela abstracta e perceber-me
Andar sozinha na multidão
Tocar os teus lábios
Enrolar-me no teu corpo
Dança de uma viagem erótica
Perfumada pela maresia
Deleitar-me numa paixão sem tempo
Perder-me só entre o céu e a terra e
Sentir ... sentir assim...
Porque
Nenhum sentir
Se sente tão perto
Do que não te sentir aqui
E morrer ... morrer de tanto viver

domingo, 1 de novembro de 2009

Ofuscar...

Chovem lágrimas dos céus
Deslizam meigas no meu rosto
Num cenário indescritível de vazios
Onde transbordam de gritos os silêncios
E as sombras são um espírito pintado de fantasia

Leio - te sempre...

E ao anoitecer
E ao anoitecer adquires nome de ilha ou de vulcão
Deixas viver sobre a pele uma criança de lume
E na fria lava da noite ensinas ao corpo a paciência
O amor o abandono das palavras o silêncio
E a difícil arte da melancolia

Al Berto
Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes,
Mas não esqueço de que minha vida
É a maior empresa do mundo…
E que posso evitar que ela vá à falência.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver
Apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise.
Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e
Se tornar um autor da própria história…
É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar
Um oásis no recôndito da sua alma…
É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.
É saber falar de si mesmo.
É ter coragem para ouvir um “Não”!!!
É ter segurança para receber uma crítica,
Mesmo que injusta…

Pedras no caminho?
Guardo todas, um dia vou construir um castelo


Fernando Pessoa

sábado, 31 de outubro de 2009

Escrevemos saudade na despedida...

De nós dois... Amo-te assim ...

Amanheceu assim ...
A madrugada vestiu-se de branco
E eu de luz ...
Num atropelo de emoções esperei por ti
O tempo pareceu caminhar...
Voaram os meus pensamentos de encontro aos teus
Desejámos este momento a cada instante
Onde a distância nos separa e a paixão nos une
Entre o ondular do mar e a marginal
Esculpido de desejo dois corpos
Passeiam descalços na areia fria de um inverno
Que se anuncia disfarçado de primavera
Um céu desenhado de estrelas cintilantes
Fazem inveja á lua que sorri ao amor
Num silêncio onde se confunde
A canção do mar com a loucura da paixão
O luar frio acendeu num sopro de loucura
Uma labareda entre os nossos corpos
Embriagados pela brisa que nos toca
Num suspiro que a alma silencia
E um sussurro anuncia a magia da noite
Num feitiço desenhado de cumplicidades

sábado, 24 de outubro de 2009

Lusco Fusco no Meu Peito...

Volta logo...

Perguntei a um amigo...
Como é isso aí ?
Respondeu...
Mau e Feio

Sossegada...

Enroscada entre as minhas almofadas
No meio do aconchego dos meus lençóis
E a mantinha de verde algodão
Perfumada de flor de lótus
Faço do meu silêncio palavras apenas
Respiro a música que me sacia a vida
E deixo-me ficar ausente ...
Gosto de estar entre mim e eu ...
Fascina-me o saber ...
Invade-me o desejo de voar ...
Cascata de emoções que se desprendem
Num soletrar de memórias
Que despertam por momentos
Reinvento-me para amanhã ...
Para ser quem não sou ...
O vento sopra pela frincha da janela entreaberta
Onde se esconde a tua luz ...
Que a minha faz brilhar...
Hoje a noite move-se lentamente
A Lua nova veste-se de quarto crescente
Queria morar na lua ...
Pertinho de ti mãe
Ser viajante do mundo e dar-me a mim
Beijar o mar a cada amanhecer
Poder tocar o lugar onde moram as estrelas
Morar contigo do outro lado do vento
Sem tempo nem hora marcada
Toca-me assim a alma
Selamos um amor rebelde
Que teima em perder-se por aí ...
Sei de um anjo que me protege
Estranha forma de ser a minha ...
Que não entendes ...

domingo, 18 de outubro de 2009

sábado, 17 de outubro de 2009

Ao Largo ...

Turbilhão que revirou cada lugar em mim
Feita de trapos de mil cores que se desvanecem
Estrondo que abalou o céu cinzento
Embate que o meu porto de abrigo não suportou
E o quebra mar não pode impedir
Destroços que flutuam no mar alto
Vagueiam sem rumo ...
Rosa dos ventos que o vento norte seduziu
E meu timoneiro iludiu com a magia das ondas
Negrume de que o céu vestiu o mar
Sucumbir á solidão sombria e fria
Ou procurar o farol mais luminoso
Onde moram os sonhos que um dia deixei perder
Eterno retorno que a vida converte em dádiva
Dissipar a tempestade em gotas de luz
Unir cada pedaço de azul e pintar o céu
Rasgar o tempo e virar do avesso o relógio de areia
Ousar trocar as cores ao arco íris
Caminhar na corda bamba sem medo de cair
Sentir sem a incerteza de me querer perceber
Espreitar o crepúsculo e acordar a alvorada
Arriscar morrer para poder viver

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Maré de Rosas ...

Proibido Amar...

Um passo de cada passo que dou
Ensina-me a caminhar devagar
Reflecte na minha sombra o meu eu
Onde cada vez mais me reconheço
Sem medo de ser quem sou
Sem receio de me encontrar comigo
Desbravar caminhos que até aqui
Eram distantes e sombrios
Inacessíveis e temidos
Reconheço-me assim
Aos poucos o perfume de outrora
Voa entre as estações que se cruzam
Arrepia-me a pele á sua chegada
As mãos suadas e frias
Instintivamente adivinham-me
Regresso á proa do veleiro
A cada momento só meu
Onde uma gaivota continua
O seu voo sereno sobre o mar
Pintado de prata ...
A lua discreta confidente
Esconderijo da paixão
Continua por aí ...
Só ... Posso ouvir o seu respirar
A noite trás serena a magia dos sons
Dos acordes que o dia esconde
Despertam pela madrugada
Secretos desejos que as estrelas anunciam
E o mar torna mais intensos
Desenhadas na areia entre a espuma
Ficam por breves instantes
Duas vidas ...
Que se unem num corpo...
E se amam em espírito...

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Miss you so...

Impossível ...

Jaze lá fora o outono
Enquanto no meu peito
Exausto de dor e de cansaço
Morrendo por uma vida anunciada
Irrompem mil cavalos em sobressalto
Trémula e ténue a luz que me alumia
Cede aos ventos que se anunciam
Frios e insensíveis tocam-me a alma
Cambaleio desordenado e confuso
Dédalo que um dia foi de afectos
Cai precipitada e sem avisar
Num mar de ansiedade e mágoa
Inacessível deixa extinguir a luz
Que se deparou no meu caminho
Embate que me aniquila
Onde mora a sede dos sentimentos
E guarda no recôndito da saudade
O segredo que ninguém desejara saber

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Vou Andar ...

Sabes onde escondeu
A brisa do mar o nosso encontro ?
Porque as folhas de Outono teimam
Em guardá-lo em segredo ...

Não Sei de Ti Aí ...

Mora um dilúvio no meu peito
A madrugada invade o meu silêncio
Atroz é a dúvida de ser tua
Transborda de dor a saudade
Desliza um rio de mágoa no meu rosto
De cada vez que partes
Frio e indiferente ...
Os números não se arriscam ...
As letras compõem as minhas preces
Fazem das palavras o meu caminho
Esta noite o céu vestiu-se de luto
Chora comigo a tua ausência
Faz do meu sentir o seu ...
Onde estás...
Agora que a noite é imensa...
E a lua cheia não mais nos abraçou
Sem ti ...
Sobressalto ao gemido do vento
Grito de aviso da tua partida ...
Nada mais parece fazer sentido
Dói demais não te saber aí ...
Vou te amar ...

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Entre Mim e o Tempo...

Ás vezes
Não sei muito bem quantas das vezes
Que nem me apercebo
Se das vezes que
Cada vez mais são vezes
O tempo faz-se de vez em quando
E parte á deriva sem marcar a sua vez
Agora já não o é e mais logo já foi
Joga-se com um adversário poderoso
O tempo ...
E perde-se vezes sem conta
Sou eu cada vez menos vezes
Sou feliz de cada vez que sou eu
Vezes cada vez mais sem vez
Vou fazer da minha vez
Mil vezes
Ser eu ...
Sem fugir de mim
Ser assim vezes sem tempo
....

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Posso Apenas Ser Eu...

Posso falar-te de mim
Saber de mim pelo vento
Caminhar ao lado dos meus passos
Inundar-me nos meus medos
Percorrer todos os meus segredos
Chegar ou partir
Existir ou não
Tornar-me invisível ou simplesmente
Desaparecer ...................
Sobreviver ao relento
Invadir-me de personagens ou
Ser apenas uma de mil
Pintar-me de prata
E imitar-me de lua cheia
Sol numa pauta musical
Onde ...
Nas ondas do sol pôr embalada
Repouso serena
Pedaço de mar e céu
Vogal consoante num raio
Entre duas nuvens cinzentas
Não me dar a mim
Fazer parte da minha luz
Ou ser tudo o que não sou
E morrer ...

sábado, 19 de setembro de 2009

De Ti ...

Carregadas as silabas
Do teu olhar distante
Para além do sal do mar
Fica esbatido no amor
O nevoeiro que vislumbra
Os pensamentos claros que te fogem

Deixo em Cada Olhar um Eco de Saudade ...

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Tela ...

Paleta de cores
Amo os amarelos do outono
O chão fica coberto de ouro
Gosto da música dos meus passos
Entre a folhagem que teima em cair
Delicio-me com os reencontros
Verdades entre mil abraços
A saudade perfumada de aromas
Que a brisa quente de verão
Deixou á flor da pele
Os caminhos voltam a cruzar-se
Entre um sorriso e uma gerbera
Bebem-se licores enquanto se
Percebem os olhares de sempre
Agora pintados de novas cores
Paixões que a lua abençoou

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Sei de Ti Aqui ...

Tenho um mundo cheio de nada
Onde guardo cada pedaço de tudo
Sou uma boneca feita de trapos de afectos
Encontro-me em segredo com os anjos
Aconchego-me debaixo das suas asas
Oiço-os falar de ti baixinho
Sabem da minha saudade...
Onde ainda pequena me penteavas
Sentada no baloiço
Do teu colinho vestido de mãe
Recordo o teu cheiro, o teu abraço...
O beijo de cada despedida feito de encontro ...
Escrevo de mim assim porque fui tua ...
Sei de ti tão longe ... e sempre tão perto...
Queria ir ter contigo hoje
Porque acredito que me amas
E que esperas por mim
Posso por momentos ...
Proteger-me nos teus abraços ...
Dançar para ti ...
Lembras-te?
Ouvir os teus aplausos
Que me pareciam mil ...
Mãe não morre nunca
Prometes ? perguntei ...mas depois...
Pouco depois ...
Foste embora sem avisar
Doeu tanto, ainda dói ...
Sorri, sorri sempre... dizias
Desenhaste o meu sorriso ...
Aprendi contigo a amar ...
Adoravas vestir-me de boneca
Fizeste-me tão feliz ...
Bebo em cada lágrima de saudade
O gosto amargo ...
De cada doce momento...
Afectos esculpidos pelas tuas mãos ...

domingo, 13 de setembro de 2009

Voltei a Dançar ...

Onda que me embala e ensina
Baloiço onde o sonho é mais alto
E a minha alma dá de beber ao meu corpo
Ventania que me fascina e seduz
O palco da vida num segundo
Espreita-me a lua prateada
Ilumina a minha silhueta
Num bailado feito de sombras
As estrelas tocam-me de mansinho a pele
O céu pintou de cenário um arco íris
Frágil ponte entre o sonho e o desejo
Voa saltitando de flor em flor
Nas asas de uma borboleta ...
Perfeito o seu voar ...
Mágica a sua vida...
Breve...

sábado, 12 de setembro de 2009

Moro Onde o Mar Me Abraça...

Não Sei ...

Efeitos desfeitos de enfeites
Audacioso despertar de cenário
Acto vagabundo de ser gente
Mundo ausente de mil tempos
Neblina onde se resguardam
De ser quem são...
Fazer de conta ...
Que o olhar vazio
Já não tem vontade
Medo, perdido, fingido, a raiva
Entre o que faz sentir
E o que não quer sentir
Um lugar estranho
Onde as palavras são apenas palavras
E os gestos, ai os gestos...
Raros, preciosos, únicos...
Não sei muito bem
Quem os perdeu ...
Sei de mãos vazias ...
Sei de olhares em fuga ...
Sei de um sorriso ...
Sem encontro marcado...
Sei de mim
Sem ti
Ficam os afectos

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Anoitece em Mim ...

Questiono-me
Sobre o que não sei
Mais ainda sobre o que sei
Procuro entender
O que desconheço
Sem saber ao certo
Se apenas de mim eu sei
Ou apenas não sei
Quebra-se o feitiço
E a realidade aparece
Nua e crua
Fria e impiedosa
Olho gelada o outro lado
O que penso conhecer
E de nada sei
Sou eu que me invento
Me reinvento
Para me construir
Cada traço esculpido
Cada passo caminhado
É um desejo absurdo
De ser eu
Feita de sonhos
Que um dia ousei ter
Não sou eu
Quem de manhã se veste de mim
E num acto tresloucado
Caminha em direcção ao abismo
Feito de tudo e nada
Num misto de verdade e mentira
Onde a emoção não cabe
A vida desliza entre os meus dedos
Deixo-a escorregar
Sem medo
O meu sorriso é a minha alma
A luz da lua o meu farol

sábado, 5 de setembro de 2009

Entreguei um recado ao vento...

Que chega ao anoitecer
Num olhar feito de silêncios
Voo como uma borboleta
Ando assim por momentos
Vestida de arco íris
Poiso sobre as minhas flores
Um nadinha acima dos sonhos
Bailado feito de magia
Naufrago num mar
Feito de mil momentos
Sobressalto no meu peito
Quando não estou contigo
Deslizam gotas de água
No meu rosto
Lágrimas que o vento
Leva ao meu coração
Porque não estás aqui


sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Estrela Cadente ...

Foi com o cheiro intenso na minha pele
Baptismo de mar onde me deleitei
Que te vi rasgar o céu estrelado
Breve encontro entre o sol e a lua
Pedi um desejo
O aroma que emanam os jasmim
Colhem de mim a magia dos afectos
Deixam por breves instantes
Um rasto na areia branca
E a brisa deixa esculpir
Entre as dunas os nossos corpos
Morna e serena acaricia-nos
Sei de ti distante ...
Tão distante que dói o teu silêncio ...
Quero-te assim...

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Afecto das Marés...

Sou assim pequenina
Ainda assim não me guardas
Nesse lugar especial
Onde se guardam tesouros
Feitos de afectos
De voz baixinha e meiga
Soletro no meu coração
Bem baixinho para
Ninguém ouvir
O teu nome
Que um anjo protegeu
Vens ter comigo
Devagarinho pé ante pé
Momento feito de sonho
Visitando de amarelo o Outono
Adormeço num lençol de pétalas
De amoras o perfume que guardo
Entre os nossos corpos
Embriagados de desejo
Tocas-me, conheces-me ...
Num beijo sem tempo...

Marés Feitas de Mim ...

Mergulhei no reboliço de uma dança
Interminável e sem conhecer quão profundo
Poderia ser e deixar marcas
Sinto a melodia das ondas no meu corpo
Embater como setas pontiagudas e frias
Deixam nas escarpas pedaços de mim
Que o vento teima em derrubar
Dói de cada vez que o tempo não espera
E as tuas mãos apeadeiro do meu corpo
Não me aconchegam no teu peito
O teu olhar ausente fez-me perder o rumo
Farol que me alumia e guia
Mil marés senti no meu peito
Cheio de um vazio que queima
Caem agora as estrelas que rasgam o céu
Para que os desejos naufraguem
Mas os meus olhos procuram os teus
Á noite a lua junta-se a nós
Enquanto os nossos corpos adormecem
E no mar cinzento de calmaria
Se amam as nossas almas
Feitas de espuma
Numa dança feita de desejo
Acariciam a areia ...

Paixão...

Pareceu-me ouvir baixinho
No sopro do vento
Que me beijou pela manhã
A voz que toca, ainda que,
Por breves instantes
Serena e meiga a minha alma
Adormeci entre duas luas
Num sonho feito de encontro
O medo faz-me recuar
De um mar de calmaria
Que me enfeitiça e seduz
Distante e desconhecido
Mora no meu peito
Albergue onde me reconheço
Refúgio de afectos onde habito
Mistério que uma gaivota guardou
Num voo sobre um céu imenso
Tela onde as estrelas
Pintam o despertar da paixão

terça-feira, 28 de julho de 2009

29 07 1970

Um dia ...

Só ... sei de mim ... nada mais
Rodopio á volta de mim
Conheço-me tão bem ...
Estou ausente de tudo o que é meu,
Não sou alguém melhor
Falta-me espaço para caminhar
Espero em desespero
A noite que cai dentro de mim
Não sou maior ...
Sou diferente
Não fico indiferente
Ao sorriso de uma criança
Ás lágrimas de um velho
Já tão calmas e calejadas
Aqui fica de mim um pouco mais
Dos meus medos ...
Deste chão que me vê cair ...
O que sei sentir
Ou ainda não aprendi a sentir
A espera pela ausência de mim
Rasga impune o meu peito
Sou loucura
Tão cheia de nada
Sou ninguém
Vivo ali naquela montanha
Onde posso tocar um pouco de céu
Oiço a melodia de uma cascata
Que corre dentro de mim
Selvagem invade cada recanto meu
Sente-se assim ...
Respirar a medo ...
Asfixia-me a alma
Não ser eu é ser alguém
E eu não sou de ninguém
Eu sou ninguém...


segunda-feira, 27 de julho de 2009

Adoro o Céu Pintado de Estrelas

E o mar de corpo ondulado
A dança de um beijo molhado
O feitiço de dois corpos
Quando duas almas se tocam

A terra árida experimentando
O sabor adocicado da chuva
Lambuzar-me entre as gotas de mel
Que o céu deixa cair

E o vento pintado de brisa morna
Numa tela onde o horizonte
Revela a caminhada das estrelas
Acaricia a medo o desejo de não amanhecer

Quero morar pertinho do céu
Onde posso tocar-te de mansinho
Sentir na areia molhada o meu rumo
Mergulhar no sono eterno aninhada
Numa nuvem feita de memórias

Navegam sem timoneiro
Notas musicais no meu sangue
Fazem de mim o que sou
Sentes o pulsar na minha mão

Desfalece a minha alma sobre o meu corpo
Sem saber de mim flutua em devaneio
Correm a fio lágrimas de sangue sobre mim
Impede-me de partir atroz e violenta revolta
Insana loucura que me aniquila
Sobro aos pedaços esmagada por mim
Morro só entre o vazio da multidão

sábado, 25 de julho de 2009

O teu sonho...

Mergulhei num deserto azul
Os teus passos lentos acompanham-me
E o meu corpo funde-se na tua sombra
As tuas mãos encharcadas de música
Tocam no céu pincelado de estrelas cadentes
Sou assim pequenina, pequenina...
Moro entre dois desertos que se tocam
Infinitamente azulados e secretos
Navegas ao longo dos meus braços
Sem te saber fazes a travessia neste deserto
Abraças a noite num eterno reencontro
Inquietamento aguardado e desejado
Rumo contra ventos que sopras na minha direcção
Incessante a lua procura-nos entre dois sóis
Perdeu-se de nós há já muitos luares
De lua cheia vestida deixa cair uma lágrima
Neste deserto azul onde de nós se perdeu
As estrelas caem em vão
Os desejos não moram mais aqui
Neste mar de azul deserto

terça-feira, 14 de julho de 2009

O Anjo mudo...

"Quando o vento se levanta e passa, tua cabeça adormecida põe-se a brilhar.
Em redor dela um halo de sombra onde a minha mão entra,
vagarosamente, pedindo-te um Sinal.
Procuro o rosto com os dedos afiados pelo desejo. Toco a alba das pálpebras que, de súbito, se abrem para mim. Um fio de luz coalha na saliva do lábio.
Ouvimos o mar, como se tivéssemos encostado a cabeça ao peito um do outro. Mas não há repouso nesta paixão. O dia cresce, sem luz e os pássaros soltam-se do pólen dos sonhos, embatem contra os nossos corpos.
Nada podemos fazer.
Um risco de passos ensanguentados alastra pelo chão da cidade. A noite cerca-nos, devora-nos. Estamos definitivamente sozinhos.
Começamos, então, a imitar a vida um do outro. E, abraçados, amamo-nos como se fosse a ultima vez...
O tempo sempre esteve aqui, e eu passei por ele quase sempre sozinho.
No entanto, recordo: deixaste-me sobre a pele um rasgão que já não dói. Mas quando a memória da noite consegue trazer-te intacto, fecho os olhos, o corpo e a alma latejam de dor.
Dantes, o olhar seduzia e matava outro olhar. Agora, odeio-te por não me pertenceres mais. Odeio-te. Abro os olhos. Regresso ao meu corpo e odeio-te. E, quem sabe se no meio de tanto ódio não te perdoaria - mas ambos sabemos que o perdão não existe.
Se fugias, perseguia-te. Mas o olhar começava a cegar. Sentia-te, já não te via. E o pior é que o tacto também esqueceu, rapidamente, a sensualidade da pele e o calor do sexo. O rosto aprendido de cor.
Hoje, tudo se sobrepõe. Nomes, rostos, gestos, corpos, lugares... um montão de cinzas que me deixaste como herança.
Não devo perder tempo com o ciúme. A paixão desgastou-me. E nunca houve mais nada na minha vida - paixão ou ódio.
Só isto: se me aparecesses agora, tenho a certeza, matava-te."

Al Berto

domingo, 12 de julho de 2009

Acordei Sem Mim...

Falo de mim ao vento
Quando me acaricia o rosto
Soletra o meu nome com voz meiga
Envolve-me num abraço pintado de prata
Feito de brisa e calmaria azul do mar
Entretém-se num rodopio louco
Gira á minha volta como criança
Enquanto brinca com os meus cabelos
Leva-me nas asas sem arco-íris
Para te visitar enquanto caminhas só
Beijo-te os lábios feitos de silêncio
Pousa uma borboleta na tua mão
Sou eu vestida de paixão
Devolves-me de novo ao vento
Onde sabes, sucumbirei
Á vinda de um ciclone feito de vazio
Envolto de revolta e mágoa
Tormento histérico de solidão
Dor que invade num rasgo a minha alma
Agora que já não me reconheço
Nada mais vale a pena ...
Sem mim acordei ...

sábado, 11 de julho de 2009

... 29 ...11... 2 ...

Passei a teu lado
Sem disfarce nem sombra
Maquilhada de transparente
Num conto por mim inventado
Nas linhas da minha mão
Entrelaçadas entre a vida e a morte
Mora distante o teu coração
Em cada suspiro um grito de silêncio
Rasga o fino véu que cobre o meu sono
Entoam brutalmente no meu peito
As tuas palavras feitas de poema
Soluçam lágrimas entre os anjos
Que jazem a meu lado de asas caídas
Desfalecem no meu caminho pétalas de rosa
Caídas das mãos nuas de amor
São ecos da alma que deixei perder
Num céu onde a Lua ainda me visita

...

domingo, 7 de junho de 2009

Ser Assim ...


Quero partir assim lúcida...
Com os momentos de felicidade no olhar
Nua em cima dos meus lençóis
O último suspiro feito de notas musicais
Fechar os olhos serenamente
Com a tua imagem na minha alma
E o meu coração entregue a ti
Distante da verdade a que estive presa
Sou sempre uma peça a mais
Neste puzzle onde existo
Desencontrada em cada encruzilhada
Que ousei de novo inventar
Desalinhada em cada caminho que pisei
Vivo cada instante cada segundo
Como sou
Amei intensamente de cada vez que amei
Chorei de emoção
De cada vez que perdi e ganhei
Senti frio e senti o teu abraço apertado
Ouvi a minha gargalhada no meio de outras
Não sou de ninguém
Sou gaivota clandestina
Na proa de um barco á deriva

Desistindo, caindo, perdida,
Olhando para trás
Sem entender o porquê
Estou tão cansada
Vou embora
Em busca de um lugar meu
Ser gente e guardar em mim
O riso das estrelas ao amanhecer
Ser cúmplice da lua todas as noites
Apanhar uma flor
E colocá-la no meu cabelo
Andar descalça na areia branca do mar
Adormecer nas dunas
Assim, só
Mas ser assim ...
Assim só, até ao fim

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Um dia sem tempo...

O dia amanheceu triste e melancólico
O corpo esmagado por uma noite ao relento
A alma estilhaçada pelos ventos da alvorada
Clama por um momento de luz
Inevitável o desespero da tua ausência
Moras na outra margem deste mar
Onde o céu é sempre azul
E brilham nos teus olhos
As estrelas que apanhas ao anoitecer
Inquietude desamparada cai em mim
Destroços embatem contra o cais de embarque
Resta um pouco de começo na minha mão
Numa viajem sem destino nem timoneiro
Oiço a revolta nos gemidos das ondas
E o vento rasga-me a pele
Deixa-me despida e lança-me um apelo
Meu coração se espraie pelas ondas do mar
Em busca do teu eternamente
Quero perder-me de mim
Ser pescador de afectos
Num dia sem tempo

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Um beijo feito da distância que nos cerca ...

Prendem-se ao largo num sol fechado
De tristeza e de loucura voam cinzas da paixão
Outrora acesa a chama de uma labareda que flameja

Restam nos meus lábios roxos e frios
O gosto amargo das palavras
Que se vão exilando de cada gesto


Fecho os olhos e sem respirar
Flutuo ao longo de um abismo
Desenhado entre o mar e a serra


Ausentei-me dos meus bailados ao luar
E esquecida pelo meu corpo caio a teus pés
Fruto de um dia feito de magia por um
Deus Selvagem feito de mar vertiginoso

No ombro um malmequer pintado de tatuagem
Deixa cair nas tuas mãos uma pétala
Perfumada de terra seca regada pelas lágrimas
Que um dia beijaram meu rosto de sal

Sei de um lugar onde me escondo
Povoado de borboletas de mil cores
Onde posso voar e encontrar-me com Deus
Morrer por instantes e voltar de novo

O meu peito em convulsão
Chora lágrimas de sangue
Que escorrem pelo meu corpo
Frágil e exausto de cansaço

Doeu tanto ...
Cada olhar, cada palavra, cada gesto
Rasgou o meu peito com três letras apenas
Abraçou -me com um manto de gelo
E partiu para sempre sem mim

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Feita de Mim ...

Amanhã serei eu assim
Cheia de mar que não cabe em mim
Feitiço que mascaro num sorriso
Duas estrelas brilham no meu olhar
Seguirei na mesma direcção
E descobrirei um novo rumo feito de mim
Serei as asas da marioneta abandonada
Serei só
Serei somente
Serei eu
Serei nada
Serei Feita de Mim
Assim só
Feita de momentos sem tempo
Pintada de amanhecer
Esculpida nas mãos do crepúsculo
Onde só ... Respiram os meus sonhos
Invadirei a minha alma que brota de mim
Assim, tanto que transborda ...
Morreria em mim sem o brilho da noite
Pudesse ser o mar de calmaria
Abraçar a lua nos meus braços e amar
Demorar-me no meu tempo
Ser assim
Feita de mim

terça-feira, 2 de junho de 2009

Leva-me Contigo ...

Dói cada momento sem tempo
Quisera dizer-te e morrer a ouvir-te
Provar o beijo de mar salgado na tua boca
Adormecer nas tuas asas e perder-mo-nos
Pudesse demorar-me infinitamente num lugar
Onde a minha alma amando a tua alma me abandonasse
Soubesse como gritar teu nome sem palavras
Saciasse a minha sede nas gotas de luz
Que serenamente o luar deixa cair
Pudesse em ti perder-me de mim
O mar começar em nós e não acabar...
Quisera roubar-me a mim para me dar
Partir assim exausta de cansaço
E guardar-te ...
Guardar-te assim
Eternamente nos meus sentidos...

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Sem Sinais....

Existo assim corpo e alma...
Moro numa rua entre o céu e o inferno
Sucumbindo ás leis desordenadas dos homens
Divido-me entre o mar alma e o corpo serra
Entrelaçados num reboliço ingénuo
De quem cresceu da mesma semente
Floresceu ao mesmo tempo e se misturou
Numa tela de cores que já pintou uma existência
Ainda assim feita de um choro que o mar silenciou
Dei meu coração á tua mão fechada
Quebrou-se quando caiu na terra íngreme e seca
Ao teu olhar frio e distante que me ignora
Indiferente a cada gesto meu que te prenda
Corre um rio de lava no meu peito
Que queima e me aniquila violentamente
Correm nas minhas veias partículas do teu sangue
Semeiam em mim o sorriso de te ver feliz
Exausta regresso a cada crepúsculo
O medo da noite que deixou de o ser arrasa-me
Voltam os momentos que não quero
A solidão de não te ter mata
Impunemente arranca de mim
As poucas raízes que ainda me prendem aqui

E a alma murcha com sede de ser feliz...

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Não foi a mim que a vida me deu ...

Como posso perder
Se nunca nada tive meu
Como choro a tua ausência
Se aqui perto tu não moraste
Como posso ter amado o mar
Se a mim o mar não abraçou
Como de lua cheia me visto
Se em mim deixou a noite de escurecer
Como pinto o meu caminho de arco íris
Se de lápis de carvão desenho cada traço do meu rumo
Onde se baloiçam agora os anjos
Que outrora encontrava no meu jardim
A fonte onde de vida me embriagava secou
Restam murmúrios do vento que por lá passa...
Amar-te a cada momento assim
Inventei que voava nas asas da paixão
Foram já tantos os segundos de mim no tempo
Tão cheios de ti sem sequer pensares
Já amei tanto e não fui amada
Perdi-me e encontrei-me no meio da palavra
Fui eu sem ser de ninguém
Represento-me do avesso nesta história
Onde é bom sentir na pele o calafrio de cada reencontro
Amor perfeito desfeito de tudo e feito nada ...
Tão leve e frio...
Deu-me a vida a mim perdida...

Porque existo ...

Porque existo ...
Acredito ...