domingo, 20 de novembro de 2011

Anoitece em mim...

Hoje não chegaste...
Sei da tua ausência mais que da tua presença
Ainda assim te espero numa espera sem fim
Como a tela que pintas com os teus sonhos feitos realidade
Enquanto toco de leve as palavras que não sei escrever
Talvez nem chegues nunca... eu sei
Embrenho-me neste labirinto de loucura insana
Mas aqui posso cruzar-me contigo
Entre as letras que não lês e as palavras que não entendes
A noite toca o meu corpo num abraço terno
De quem me sabe perdida por entre o frio lilás em que me deito
Na almofada repousa um lago de saudade
Onde a lua me espreita e vem de mansinho
Tocar-me com um beijo


sábado, 19 de novembro de 2011

De não ser mais que nada...

Sabes daquela lágrima adocicada pelo teu beijo
Que acaricia morna o meu rosto
Aquele abraço que me sossega e acalma e
O silêncio que sobrevoa o meu corpo e te trás de volta
A luz que deixaste no meu olhar e
Que agora o orvalho tomou conta
Retorno ao assossego do impassível ser que não ouvi
Dissimulado este indiferente sentir que imito
Escondo-me de mim atrás de quase nada
E deixo-me cair entre os meus braços
Ter que existir uma razão ou não...
Nunca saberei
Estranho o meu mundo, estranho sentir o meu...
Toquei a vida com um suspiro que ela não quis ouvir
Alheia ao meu redor passou sem dar por mim
E foi voando para tão longe que a perdi no horizonte
Perdi-me da vida e ela recusou-se de ser minha...



quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Apenas mais de mais nada...

Rondo as vogais que se prenderam
Num qualquer lugar que não encontro
De consoantes perdidas e soltas
Por entre o cinzento de um lápis a carvão
Navegam nuas e sem rumo
Ainda desordenadas umas após as outras
Descobrem-se aqui e ali ...
Confundem-se e aconchegam-se de mansinho
Procuram um lugar que já não vive
Lugar de afectos e sonhos
Numa tela de arco íris pintada
Onde a luz se extinguiu e nada mais ficou

O não ser nada a não ser coisa nenhuma

Porque existo ...

Porque existo ...
Acredito ...