quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Infinitamente Adiado...

Dói demais, a alma ferida de quem amo,
Esmaga com olhar triste e meigo,
Retalhos que restam de mim,
Grito em silencio o meu amor ao vento,
Acreditando que um dia o possa ouvir,
Reinvento cada passo, cada lágrima,
Cada gota de sangue derramada,
Numa breve e louca,
Troca de palavras e melodias,
A mágoa de não ter seu rosto no meu peito,
Bebe o sorriso dos meus lábios,
Impede-me a vontade de me dar,
Sinto a sua ausência em cada gesto que trás,
Morre em mim cada momento de desejo,
Deixa comigo o perfume de um encontro,
Deixou no meu corpo uma letra de afecto,
Na sombra da lua revelamos segredos,
Perde-se o rumo da palavra que nunca se dirá,
O silencio veste-se de noite,
Vagueia a minha alma...
Sem autorização para amar ...

domingo, 23 de novembro de 2008

Soro de Lágrima ...

Geme a luz que me ilumina,
Nu repousa meu corpo entre gotas de água,
Enregelou-me de desejo a alma,
Sou eu, despida de mim,
Espera descabida por um outro alguém,
Mergulhei entre pétalas vermelhas,
Perfumei a minha pele de rosas,
Na ponta dos dedos, vestígios
De uma espera que não acaba nunca,
Negros, flutuam sobre o meu peito,
Fios que outrora foram minha chama,
Caio sobre a melodia de um piano,
Num desvario que me enlouquece,
Procuro o sangue que me levará a ti,
Estou tão perto, assusta-me o medo,
Abandona-me a vontade de ficar,
Chega de mansinho a vontade de partir,
A lua partiu sem avisar,
Deixou para trás uma estrela.
Que teima em espreitar pela,
Frincha da porta entreaberta,
Nos lábios, doce o sabor de uma lágrima
Que serena acariciou meu rosto,
Sem saber perdeu-se no meu corpo,
E amainou minha alma ...

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Espera feita de nada...

Sombra de um espelho que habito,
Nevoeiro denso onde perdi minha alma,
Coração mutilado entre lençóis de água,
Fogem-me os passos deste chão,
Erguem-se muros nas palavras,
Correm vertigens de medo no meu sangue,
Derramei sobre mim a companhia das letras,
Âncorei num porto chamado solidão,
Abraça-me a vida que descuido,
Toca-me com um olhar de despedida,
Voo de encontro a uma estrela que perdi,
Ilumina cada último gesto que é seu,
Partiu dono do meu beijo,
Apertei o mar contra o meu peito,
Para não andar á deriva,
Espero por si num qualquer cais,
Espero infinitamente...

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Chão molhado...

Arrancou de mim o sorriso da alma,
Levou-me a lua, minha infinita amante,
Deixou-me anoitecer sem sonhos,
A cada chegada o negro vazio,
De um olhar perdido e sem rumo,
Dói-me a vida, rasgou a estrada,
Saiu do caminho que era nosso,
Sopram ventos de mágoa e dor
Que alagam meu chão e
Fazem tremer as raízes já doridas,
Agarradas agora á terra lamacenta,
Que bebe minhas lágrimas,
Levou o olhar meigo e sereno,
Que ensinou as estrelas a brilhar,
De mãos dadas agora frias e vazias,
Procuro num instante o seu nome,
De asa caída deixei de voar...

domingo, 16 de novembro de 2008

Cinzenta é a minha luz...

Alma que desfalece num corpo moribundo,
Espera cruel e desigual,
Inquietude profunda que desabou algures,
Ventania tresloucada que regelou meu corpo,
Leve sai de mim um pequeno suspiro,
Despedaçada minha alma,
Naufraga perto de chegar,
Num mar deserto de palavras,
Onde se revelam alucinações,
Um último olhar distante e frio,
Suicidou-se o nosso amor,
Empurrou-me para a beira de um precipício,
De onde será muito fácil cair,
Caem desamparadas lágrimas,
Que não tocam a semente,
Que á força tenta sobreviver,
Sem terra onde se agarre...

Deixei ir embora metade de mim ...

Não acreditei, nunca quis acreditar
Não pensei, não quisera pensar,
Não ouvi, fingia não ouvir,
Não podia olhar, não queria ver,
Não foi mentira, porque sempre foi verdade,
Não entendi, porque nunca quis perceber,
Não quis saber do aviso,
Que brilhava nos seus olhos,
Não ouvi o seu grito mudo,
Cada gesto foi um sinal,
Cada resposta uma despedida antecipada,
Não a quis deixar partir,
Fugiu, abandonou o meu coração,
Com a vontade cega de não voltar,
Pintou de negro o meu coração,
Em troca não sei bem do quê,
Independencia chamou-lhe um dia,
Pergunto-me onde vai buscar a independencia,
Odeio ser independente no amor,
Odeio ser independente nos sonhos,
Odeio ser independente de ti,
Amo estar dependente do teu amor...

sábado, 8 de novembro de 2008

Algures onde pertenço...

Não existo como eu
Deixei que o vento me levasse as asas,
Sem saber tropecei na vida,
Agonia revestida de puro sorriso,
Onde o inverso se confunde
O certo é insensato e fútil,
Singela máscara que pintei,
Madrugada de Outono
Cruzá mo-nos no caminho,
Ela chegando eu partindo,
Desfaz-se o nevoeiro com lágrimas,
O frio com amor que emano e não sentes,
Sem valer a pena insisto em caminhar,
Em passo lento por vielas e calçadas,
Sigo a luz da minha estrela guia,
A vida não me seduz, é cruel e traiçoeira,
Não ouve o pranto de quem ama,
Chegou sem avisar,
Deixou-me aqui ...

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Sílabas ...

Sobrevivo ao impulso de não ser,
Num corredor de viagens infinitas,
Incontornável sede de ser amada,
Sopro de alento que me tortura,
Cristal de segredos que guardo,
Loucura insana que me fascina,
Jazem cinzas de mágoa no meu peito,
Reacendem a cada aragem calma e fria,
A cada voz calada a cada grito mudo,
Inóspita vida de sentires ausentes,
Presença vil de um quadro riscado,
De onde arrisco experimentar sair,
Sentença que contrario e rasgo,
O meu mar sou eu que pinto,
Quem á deriva o pode navegar,
Ínfimo é o porto de abrigo,
Onde possa naufragar ...

domingo, 2 de novembro de 2008

Imprópria ...

Inexplicável turbilhão que não entendo,
Que magoa, fere e me aniquila,
Arranca sem piedade do meu peito
Cada momento, cada instante,
Um pedaço de nada que é tudo,
Reinvento-me a cada hora,
Num mar de ondas turbulentas,
Inquietude desmedida e atróz,
Sem vida, sem norte, sem regra,
Procuro a morte serena e meiga,
Como única saída,
Não existem ruas, caminhos, veredas,
Construi becos sem saída,
Parei numa encruzilhada,
Que vai dar a lado nenhum,
Imitei os meus passos sem cautela,
O dia levou-me o sorriso,
A solidão traz-me a noite,
Enfeitada de lua prateada,
Eu sou apenas ...
Um ponto ... algures pintado,
Por um mágico pintor,
Que deixou inacabada,
Uma tela sem cor ...

sábado, 1 de novembro de 2008

Saudade Infinita ...

Pediu uma flor, um sorriso,
Num olhar terno e sereno,

Pediu-me para dançar,
Danço para me ver feliz,

Pediu um carinho, um afecto,
Das mãos de uma menina,

Pediu para ser amada,
Uma vez somente,

Pediu colinho,
Tomou-me entre os seus braços,

Pediu que a ouvisse,
Contei-lhe os meus segredos,

Pediu que fosse humilde,
Aprendi a dar,

Pediu para ser honesta,
Só entendo a verdade,

Pediu-me para gostar,
Só sei viver de amor,

Pediu para não a esquecer,
Levou-me no coração...

Porque existo ...

Porque existo ...
Acredito ...