segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Para Mim de Ti ...

Ódio por ele?
Não... Se o amei tanto,
Se tanto bem lhe quis no meu passado,
Se o encontrei depois de o ter sonhado,
Se à vida assim roubei todo o encanto...
Que importa se mentiu?
E se hoje o pranto Turva o meu triste olhar, marmorizado,
Olhar de monja, trágico, gelado
Como um soturno e enorme Campo Santo!
Ah! nunca mais amá-lo é já bastante!
Quero senti-lo de outra, bem distante,
Como se fora meu, calma e serena!
Ódio seria em mim saudade infinda,
Mágoa de o ter perdido, amor ainda.
Ódio por ele?
Não... não vale a pena...
(Florbela Espanca)

Não Sei...

Estou perto de ti, do teu sorriso,
Encontrei um pouco de mim em ti,
Partilhamos momentos, os nossos momentos,
Feitos de melancolia, de música,
De palavras e silêncios,
Tento guardar cada troca de olhares,
Cada gesto, cada significado, cada nada,
Guardo na conchinha da minha mão,
Cada gota de emoção que deixas escapar,
Sinto que me perco para sempre, a cada minuto,
Sento-me algures longe de todos,
Mal acordei ainda, embrenhei-me
Num sentimento que ainda desconheço,
Mas que o aprendo aos poucos,
Meu amor capturei,
Guardei num lugar só meu,
Onde ninguém jamais poderá entrar ...
Não o darei a ninguém,
Um dia quem sabe ....
Dá-lo-ei a quem pertence ...

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Final ...

Navego á deriva, sem destino,
Sem porto de abrigo, ou terra á vista,
Perdida, no mundo que escolhi para viver
Entre sobressaltos que me atormentam,
Num misto de turbulentas emoções,
Onde extremos opostos se debatem,
Num desafio sem tréguas,
Sentimento de incapacidade,
Que aniquila meus pensamentos,
Ainda atordoada, sem sentir,
Olho-me no espelho,
Entre lágrimas e sangue,
Entre a cobardia de hesitar,
E a coragem de terminar aqui esta viagem,
Faço-me mal, não me quero,
Culpo-me de tudo e de nada,
Gelada, é assim que me sinto,
Agoniada pela loucura de continuar a existir,
De sentir, não quero mais sentir...
Vazia, a mim nada me resta,
Corpo medíocre, insignificante, sem origem,
Alma nua, inócua,
Desmesuradamente inútil, ignóbil,
Alma Vã ...

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Sem ti ...

Sem raízes que me segurem,
Sem tronco onde me apoiar,
Sem folhas que me protejam,
Sem flores que alegrem meu caminho,
Sem terra onde procure alimento,
Sem fonte onde matar a sede,

Sem nome ...

Sem nada ...

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

De volta...

Suspensa pelas estrelas,
Sobre um foco de luz azulada,
Uma tela pintada em desalinho,
Revela de nova a lua vestida,
Caem nocturnas as primeiras gotas,
De folhas amarelas um tapete enfeita a rua,
As horas passam devagar pela noite,
A melancolia cobre os rostos de maquilhagem,
Intensos perfumes levados pelo vento,
Carregam as nuvens de cinzento,
Sincronia de paixões,
Numa tempestade de desejos,
Gotas de orvalho beijam meus lábios,
Denso nevoeiro, onde me encontro,
E me perco, numa chuva de emoções,
Ponte feita de arco íris,
Onde num beijo,
Se unem dois amantes ...

domingo, 21 de setembro de 2008

Rasto que sigo em vão...

Flor cor de sol, que brilha e encandeia,
Pétala perfumada de pequenas gotas de água,
Pele de pêssego, lençol onde me deito,
Olhar prisioneiro, quieto e meigo,
Regato onde caminho e me refresco,
Grainhas de afectos perdidos pela casa,
A boca ainda melada de um favo de mel,
O cheiro a terra molhada,
Vento que invade meu destino,
Maré alta que a lua cheia beija,
Voa meu sonho nas asas de uma borboleta,
Brincos de princesa debruçados numa janela,
De mãos dadas caminham em silêncio,
Trampolim de sentimentos,
Que o tempo deixa experimentar,
Visitas os meus sonhos,
Invades partículas do meu sangue,
Veleiro sem rumo,
Que partiu e deixou ficar a saudade,
Saudade ...

Ciclo ...

Demasiadamente sossegada, serena,
O dia passa lentamente e sem sabor,
Procuro saciar a minha sede de saber,
Aqui e ali, um rasgo de luz, um sussurro,
Assusta-me o fim de qualquer coisa,
Albergo no meu peito a ansiedade de viver,
Vontade de dar tudo o que tenho,
De me dar ao mundo, aos que precisam de mim,
Pintar um lugar com a minha cor,
Deixar-te com um sorriso no olhar,
Melancolia de um tão esperado fim,
Expectativa de um novo desafio que ainda desconheço,
Timidamente se vai revelando,
Espero enfim por mais um começo ...

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Sonho de Outono ...

Exausta de um sono que não chegou,
Dói cada músculo, arrepia-me o espírito,
Amanhece, o tempo de repente parou,
Abandona-me a lógica e o discernimento,
Sou eu, a um passo de um sonho,
Ali olhando-me surpreendido e alegre,
Está tão perto, que receio tocar-lhe,
É meu, só meu, espera por mim,
Queremos finalmente estar juntos...

Vazio, que estremece e assusta,
Momento de felicidade, que fica por partilhar,
Quem amo, assiste ao longe e sorri,
Abraça-me com um sopro fresco,
Num dia tórrido de Outono,
Dói-me cada parte do meu corpo,
Fere-me a alma não te ter por perto,
Sorrio, porque te quero dizer,
Hoje por um momento fui feliz...

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Medo...

Estar viva, e não viver,
Acreditar, e ser mentira,
Pedir e não dar,
Acontecer e não perceber,
O tempo passar por mim,
Sem que eu passe pelo tempo,
Amar e não ser amada,
Ter tanto e não dar valor,
Ser amiga e não ter amigos,
Ter sonhos e não poder sonhar,
Tenho medo de amar, de sorrir,
Quero dar, quero tanto dar,
Que me dou a mim,
Porque nada mais tenho ...

Sem Nada ...

Algures num palco onde existo,
Em cena uma peça de teatro já vivida,
Partilho o palco com quem amo,
Longe de olhares indiscretos,
Sorri, só sorri ...
Reinvento-me num bailado,
Sou poema que escreveste,
Mergulho no mar dos teus olhos,
Caminho revisitado,
Que me inquieta e fascina,
Proibido amar,
Proibido sentir,
Desfile mágico sem voz,
Sono profundo que me embriaga,
E deixo que tome conta de mim,
Nostalgia de um dia sem rostos,
Feitiço de uma dança sem som,
Atalho de uma loucura sem abrigo,
Apeadeiro do mundo dos sonhos,
Desço, dou alguns passos ...
Recuo no último instante,
Com o despertar de uma caricia ...
Mil desculpas
por cruzar o teu caminho
e não fazer sorrir teu coração ...

domingo, 14 de setembro de 2008

Raízes ...

Vida sem rumo, sem bússola,
O vento empurra a minha vela,
Rasgada e ferida pelo tempo,
No meio de acasos e coincidências,
A lua é minha mãe,
As estrelas minhas irmãs,
O mar meu eterno amante,
Regresso sem hora marcada,
Viagem de encontros e desencontros,
Onde amo e me dou,
Dou o que não tenho, sem nada pedir,
Não sou nada, não sou ninguém,
Vivo do sorriso da lua,
Do brilho das estrelas,
Da paixão do mar ...

Somente assim ...

Atirei letras ao vento,
As pequenas estrelas soletraram palavras,
Um apelo de ajuda que lancei ao vento,
O vento arrastou cada silaba de encontro ao mar,
O mar mergulhou em cada conceito,
A maré baixa trouxe na areia gravado o meu nome,
As conchas deixaram um pedido a quem as ouviu,
Num enorme búzio deixei a minha melodia,
Em cada fio de areia uma lágrima,
O vento assobiou minha angústia, meu choro,
Não, ninguém me ouviu,
Passou ao lado, não sou de ninguém,
Não pertenço aqui ...
Quisera que o vento em vez de palavras
Me levasse a mim ...
O mar mergulhasse no meu peito,
E eu fosse concha nas mãos de um menino...

sábado, 13 de setembro de 2008

Incompleto...

Lugar secreto de mil estrelas que colhi e guardei,
Povoado de partículas de sonhos ainda por viver,
Num lusco fusco de eterno anoitecer,
Lua cheia afrodisíaco de amores proibidos,
Sublime encontro entre dois corpos,
Intenso aroma de desejo na fresca brisa de Outono
Perfumei a minha alma com um lírio do Nilo,
Queda de água que separa dois mundos,
Caminho selvagem onde me invento ...

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Sem tempo

Um segundo,
Onze minutos,
Onze letras,
Onze palavras,
Onze frases incompletas,
Um silêncio adormecido,
Um pensamento perdido,
Uma voz muda,
Cada gesto foi em vão,
O mundo é maior,
A solidão de uma multidão,
Não pertenço aqui,
Dói cada acordar ...

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Encontro de ternura ...

Traços cansados de um dia sem horas,
Clic de uma flor que desabrocha,
Semente deitada á terra que germina preguiçosa,
A lua espreita com vontade de sorrir,
Uma estrela faz-lhe companhia,

Uma gota de orvalho que desliza,
Escorrega suave entre as pétalas de uma orquídia,
Perfuma um encontro feito de afectos,
Sente-se o olhar meigo e distante,

Soletram-se letras disfarçadas de sonhos,
Minutos que não consigo parar,
Um anjo adormeceu sereno em meu colo,
Fico imóvel, sei que partirá ...
Ao pequeno toque de uma borboleta azul ...

Para ver...


Retrato de uma cidade sem hora marcada,
Rosto de uma vida imensa, pintada de branco,
Entre dois sentidos, no meio de duas cadeiras,
Aquele que puxa de negro o lustro,
Sombrio é o seu rosto, as mãos de preto pintadas,
Esperam de um desconhecido, um consolo,
Uma palavra, um pedaço de nada,
Que entre um sobe e desce desenfreado,
Repare em si, homem despido de tudo,
Vestido de nada, espera,
Espera em vão, todos olham,
Ninguém pára para ver, é mais fácil olhar...
E não ver, não ver nada...
Ali, em frente continua a espera de um homem,
Ali, onde todos olham e não param,
Continuam o seu caminho,
Para não ver, o homem de cabelos brancos,
De mãos negras e no rosto o retrato de uma vida,
Estampada no rosto a fome de um homem,
De uma simples palavra...

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Instante...

Trémulas de mais uma jornada, as mãos
Calejadas da dor que insistemente as domina,
Caem desamparadas, esquecidas, adormecidas,
Cansadas de remar contra a maré, contra o vento,
Que sopra do lado contrário, esmorecem,
Incrédulas, inconformadas, resignadas ao destino,
Desistem, o tempo ensinou-lhes da pior maneira,
Que é tempo demais, numa batalha sem fim,
São demais os moribundos, os estropiados, os náufragos,
Num barco á deriva, sem norte, sem fé,
Nasceu do abandono, do negro da noite que ama,
Desfalece ao intenso brilho do sol, que queima,
Destrói a minúscula luz do pirilampo,
Seca cada gota de esperança, que brota
De uma nascente, onde uma pequena luz,
Um dia acreditou poder brilhar na noite,
Tal qual pirilampo...
Desfaleço agora á luz do dia...

domingo, 7 de setembro de 2008

Quem sou...

Fragmentos de uma ilusão, que teimo em perseguir,
Intensos momentos de pura loucura,
Melancolia de uma personagem que me seduz,
Habito um mundo que não é o meu, não sou eu,
Embate contra uma dura realidade a cada amanhecer,
Danço no meio da chuva, tempestade de lágrimas,
Procuro em vão a sombra do teu sorriso,
Que se deu a um rosto que não o meu,
Suspiro de uma labareda que estremece ao vento,
Seara de girassóis onde repouso e me pinto de amarelo
Oiço os meus passos que vagueiam na folhagem de outono,
Desprende-se um sorriso meigo, terno,
Máscara de meus medos mais ocultos,
Papoila de folha redonda e frágil, que luta contra o vento,
Chuva de pétalas com cheiro de rosas brancas,
Rio de seda onde me banho e renasço,
Onde me busco, e encontro, a mim, a outro alguém,
Não sei, sei que volto a cada novo amanhecer,
Personagem mistério que ainda não reconheço,
Não sei quem é...

sábado, 6 de setembro de 2008

Apenas se fechou ...

Sobressalto,
Invade-me a dor e a mágoa, de não ser gente,
De não ser nada, de nada ter, de ser nada,
Vagabundeando entradas de uma porta,
Que se fechou e não voltará a abrir,
Procura incessante, que não acaba,
Insana viagem de tormentos e desvarios,
Túnel sem fim que me arrasa e destrói,
Corre-me nas veias sangue que desconheço,
Esboço de um sorriso que não entendo,
Caminho na corda bamba, sem rede,
Seguro nas mãos pedras preciosas que não posso perder,
Caio uma e outra vez, mas os tesouros que guardo ,
Os meus tesouros, esses eu não posso deixar que caiam,
Vivo de uma mentira inventada,
De uma verdade esquecida por alguém,
Apraz-me o silencio, a dúvida,
Incógnita do destino, e de um Deus maior,
Que me experimenta e me confronta,
Dá-me a mão de cada vez que caio,
De quando em vez olha-me e sorri,
Mas continuo sem rede, caminhando pé ante pé,
Na minha corda bamba, e de cada vez
Que adormeço um soluço de medo assombra
O meu despertar...

Beijo ...

Postal ilustrado, onde a terra se une com o mar,
Cascata de emoções, onde o sol desperta,
E a noite adormece, aconchegada no meu colo,
Inquietos de desejo, mergulhamos no desconhecido,
Molhados de caricias, água cristalina que nos une,
Beijo húmido, melado, sossegado,
Sublime jeito de amar, meigo e puro,
Definição de silêncio que nos entende sem palavras,
Oiço o som da paixão em cada abraço,
Beijo as tuas mãos que me acariciam,
Caminhamos descalços, cada lugar é nosso,
Cada pingo de água é uma parte de nós dois,
Deixámos ficar o espírito do amor,
Agora de cada vez que dois amantes,
Ali se juntam, podem ver cair pela cascata
Cintilantes momentos de paixão, sorriem
E acreditam que aqui é também o seu lugar,
Via láctea que os transporta ao infinito,
Num beijo mágico...

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Palco da Vida

Baloiço...

Num vaivém desenfreado,
As minhas mãos transpiram força,
Num voo mágico que inspiro,
Fecho os olhos, e o mundo é meu,
Fico mais perto, tão perto, que sem perceber
Oiço o bater do coração que anseia, que dói,
Deixo de me pertencer, ganho asas de condor,
Liberto-me do corpo que aniquila meu voo,
Ao meu redor passeia a minha alma,
Numa alegria estonteante, sorri ...
Brinca com os meus cabelos, acaricia meu rosto,
Segura uma lágrima que se escapa,
Seca-a ao vento que me empurra...
O meu perfume mistura-se com a brisa,
Toco o céu, beijo a lua, caminho entre as estrelas,
Feitiço que respiro e bombeia meu sangue,
Êxtase mágico que enlouquece,
Não, não deixo de voar,
Voo mágico, que baloiça meu corpo
E faz sorrir minha alma...

Talvez amanhã...

O dia despertou tímido, silencioso,
Anunciando mais um acto de tragédia,
No palco abriram-se as longas cortinas,
Já gastas de uma peça de teatro, ensaiada,
Repetida, imaginada, tantas vezes sonhada,
Mas onde o destino escreveu, não será realizada...
Final de um começo que não existiu,
Aposta desde logo perdida, impossível,
Pulsar de uma história que apenas inicia,
Mil palavras de ilusão, de esperança,
Ingénua continuo a acreditar, a espreitar o sonho,
No meio do medo, tento não tropeçar,
Mesmo assim acabo por cair, por desiludir,
O dia chora, veste-se de negro, o vento norte embala-me,
Sopra ao meu ouvido letras de uma canção,
Música e letra que um dia já me cantou,
Acabo por adormecer numa nuvem de algodão,
Encharcada de sonhos e gotas de água salgada,
Procuro as estrelas, a lua, os meus sonhos,
Não os encontro, o dia agora é noite,
Anoiteceu, uma lágrima deixa cair um pedaço de dor,
Espero, incrédula a minha estrela,
Hoje, distraída com outras estrelas,
Perdeu-se do meu caminho,
Vou procura-la no meio do nada,
Quem sabe amanhã
Amanha talvez nos voltaremos a encontrar...

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Breve encontro...

Não temos, não, não temos,
Nada temos em comum,
Dois estranhos, desconhecidos,
Diferentes, opostos, inverso de um,
Contrário de outro,
Cruzámo-nos por instantes,
Breves segundos apenas,
Sinto os seus passos, deixa-se ficar,
O nosso tempo escasseia,
Cabelo de ondas meigas,
Sorriso de criança,
No olhar a cor do mar,
O eco das palavras soam a brisa,
Brisa que guardo e respiro,
Caem as primeiras folhas, regressa o frio, o medo,
A lua envergonhada esconde-se sorrateira atrás de uma nuvem,
Namoramos as estrelas, pedimos desejos em silêncio,
O frio gela-nos a alma, agasalha-nos as emoções
Deixamos alguns passos guardados numa varanda,
Assistimos ao concerto afinado dos grilos,
Música de amor, apressadamente interrompida,
O nosso tempo terminou ...
Estrela cadente, onde tomei novo rumo ...

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Mendigo de sonhos

O imprevisto de um momento que não é,
Um pequeno senão, de inesperados e contrários,
Algures num vaivém de indecisão,
Na incerteza, de algum sentimento,
Em dúvidas que permanecem, e corrompem,
Irrompem no desgaste de uma pedra,
Que teimou, teimou em não ser esculpida,
Pelas mãos de um mendigo, maltratado e só,
Que diambulando pela vida se alimenta de pó,
Poeira que levanta quando envolto no seu manto,
Se lembra que algures existe uma nascente,
Que brota água fresca, transparente e pura,
Onde, um dia sonha poder beber,
Olha os demais, como seres perfeitos,
Pára, e acompanha com o olhar, o baloiçar
Dos cabelos ondulados de uma menina,
Toca-lhes com o coração, com a alma,
Um dia também foi assim, menina,
Menina de olhos cintilantes, e mil sonhos,
Ficaram perdidos, já não se lembra,
Hoje tapados pela poeira, perderam o brilho,
Caminha sobre o rasto de um perfume,
Deixado por alguém que ainda não conhece,
Habita outro mundo, outra vida,
Permanece ali, hoje, porque amanhã,
Amanhã, não sabe onde estará,
Não sabe, se amanhã viverá...
Para beber a água, sacudir a poeira,
E voltar a sonhar, a ser menina,
De cabelos ondulados, olhos cintilantes,
E tantos sonhos por viver ...
Amanhã, não sabe ...
Se voltará a sonhar ...

Porque existo ...

Porque existo ...
Acredito ...