domingo, 7 de junho de 2009

Ser Assim ...


Quero partir assim lúcida...
Com os momentos de felicidade no olhar
Nua em cima dos meus lençóis
O último suspiro feito de notas musicais
Fechar os olhos serenamente
Com a tua imagem na minha alma
E o meu coração entregue a ti
Distante da verdade a que estive presa
Sou sempre uma peça a mais
Neste puzzle onde existo
Desencontrada em cada encruzilhada
Que ousei de novo inventar
Desalinhada em cada caminho que pisei
Vivo cada instante cada segundo
Como sou
Amei intensamente de cada vez que amei
Chorei de emoção
De cada vez que perdi e ganhei
Senti frio e senti o teu abraço apertado
Ouvi a minha gargalhada no meio de outras
Não sou de ninguém
Sou gaivota clandestina
Na proa de um barco á deriva

Desistindo, caindo, perdida,
Olhando para trás
Sem entender o porquê
Estou tão cansada
Vou embora
Em busca de um lugar meu
Ser gente e guardar em mim
O riso das estrelas ao amanhecer
Ser cúmplice da lua todas as noites
Apanhar uma flor
E colocá-la no meu cabelo
Andar descalça na areia branca do mar
Adormecer nas dunas
Assim, só
Mas ser assim ...
Assim só, até ao fim

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Um dia sem tempo...

O dia amanheceu triste e melancólico
O corpo esmagado por uma noite ao relento
A alma estilhaçada pelos ventos da alvorada
Clama por um momento de luz
Inevitável o desespero da tua ausência
Moras na outra margem deste mar
Onde o céu é sempre azul
E brilham nos teus olhos
As estrelas que apanhas ao anoitecer
Inquietude desamparada cai em mim
Destroços embatem contra o cais de embarque
Resta um pouco de começo na minha mão
Numa viajem sem destino nem timoneiro
Oiço a revolta nos gemidos das ondas
E o vento rasga-me a pele
Deixa-me despida e lança-me um apelo
Meu coração se espraie pelas ondas do mar
Em busca do teu eternamente
Quero perder-me de mim
Ser pescador de afectos
Num dia sem tempo

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Um beijo feito da distância que nos cerca ...

Prendem-se ao largo num sol fechado
De tristeza e de loucura voam cinzas da paixão
Outrora acesa a chama de uma labareda que flameja

Restam nos meus lábios roxos e frios
O gosto amargo das palavras
Que se vão exilando de cada gesto


Fecho os olhos e sem respirar
Flutuo ao longo de um abismo
Desenhado entre o mar e a serra


Ausentei-me dos meus bailados ao luar
E esquecida pelo meu corpo caio a teus pés
Fruto de um dia feito de magia por um
Deus Selvagem feito de mar vertiginoso

No ombro um malmequer pintado de tatuagem
Deixa cair nas tuas mãos uma pétala
Perfumada de terra seca regada pelas lágrimas
Que um dia beijaram meu rosto de sal

Sei de um lugar onde me escondo
Povoado de borboletas de mil cores
Onde posso voar e encontrar-me com Deus
Morrer por instantes e voltar de novo

O meu peito em convulsão
Chora lágrimas de sangue
Que escorrem pelo meu corpo
Frágil e exausto de cansaço

Doeu tanto ...
Cada olhar, cada palavra, cada gesto
Rasgou o meu peito com três letras apenas
Abraçou -me com um manto de gelo
E partiu para sempre sem mim

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Feita de Mim ...

Amanhã serei eu assim
Cheia de mar que não cabe em mim
Feitiço que mascaro num sorriso
Duas estrelas brilham no meu olhar
Seguirei na mesma direcção
E descobrirei um novo rumo feito de mim
Serei as asas da marioneta abandonada
Serei só
Serei somente
Serei eu
Serei nada
Serei Feita de Mim
Assim só
Feita de momentos sem tempo
Pintada de amanhecer
Esculpida nas mãos do crepúsculo
Onde só ... Respiram os meus sonhos
Invadirei a minha alma que brota de mim
Assim, tanto que transborda ...
Morreria em mim sem o brilho da noite
Pudesse ser o mar de calmaria
Abraçar a lua nos meus braços e amar
Demorar-me no meu tempo
Ser assim
Feita de mim

terça-feira, 2 de junho de 2009

Leva-me Contigo ...

Dói cada momento sem tempo
Quisera dizer-te e morrer a ouvir-te
Provar o beijo de mar salgado na tua boca
Adormecer nas tuas asas e perder-mo-nos
Pudesse demorar-me infinitamente num lugar
Onde a minha alma amando a tua alma me abandonasse
Soubesse como gritar teu nome sem palavras
Saciasse a minha sede nas gotas de luz
Que serenamente o luar deixa cair
Pudesse em ti perder-me de mim
O mar começar em nós e não acabar...
Quisera roubar-me a mim para me dar
Partir assim exausta de cansaço
E guardar-te ...
Guardar-te assim
Eternamente nos meus sentidos...

Porque existo ...

Porque existo ...
Acredito ...