segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Sentidos...

Ás vezes conheço-te tão bem
Outras há em que o teu olhar me escapa
Distante e frio trespassa-me a alma
Entorpecido o meu corpo estremece
Espírito de um mundo invisível que me envolve
Floresta selvagem onde me deixo perder
Essência de uma razão sem argumento
Clandestino este ar de amor que respiro
Desautorizado irrealizável interdito
Impossível ...
Volátil nos meus sonhos viaja sem direcção
Procura vã, desvario este vicio de loucura
Delírio de uma culpa admitida
Náufrago ao largo neste mar de sentidos
Já sem sentido e sem sentir
Frenesim em contramão experimentado
Serício esta linha que de escarlate nos une
Errante esta paixão desencontrada
Presságio de uma morte anunciada
Entre duas mãos uma estrela apagada
Pelo último suspiro de amor
Que um dia acendeste no meu peito
Com um beijo de desejo imaginado
...
Estranha magia que o teu beijo seduziu

sábado, 21 de novembro de 2009

Nós ...

Posso ouvir lá fora o eco
De um amor perdido no meio de nada
A voz da minha paixão em tom menor
O toque frágil e puro da ternura
Oculto desde o começo
Suspiro que uma pétala de rosa
Deixa baloiçar de branco a saudade
Brisa majestosa que fez o vento
Soprar a distancia imensa que nos separa
A cor de um arco íris pintado de sonhos
Tão diferentes que em telas opostas
Surgem vidas desencontradas

Armilar ...

Ouve o canto de um coração
Cada vez que em silenciosos choros
Caiem longos fios de chuva
Pranto que o céu deixou cair
Agrura que num rascunho
Alguém se esqueceu de apagar
Deus maior que protege
Panaceia que num denso nevoeiro
Se resguarda e desvela
Anoiteceu mais cedo esta noite
Num dia feito de oferecimento
Resta um papel em branco
Dúvida que embora doa
Continua de guarda um anjo
Fica na memória um sino
Que toca a rebate a ternura
De uma restea de vida
De onde apenas subsistem cinzas
Insurreição este definhar de mim
Soltam-se lágrimas que esculpiram
No meu rosto o teu nome

terça-feira, 17 de novembro de 2009

O Sorriso da Lua ...

Sentir esta noite...

Embora na dúvida que resta
Ás vezes de mim ausência cruel
Um vazio imenso, esboço deserto
Pressentir nostálgico
De uma maré de águas vivas
Onde o encontro simulado
Do sol com a lua
Tumulto de emoções acreditadas
Ermo desabar num chão silencioso
Alma em retiro
Queda de um corpo desabitado
Invade-me uma Luz
Que me põe á prova e me influi
Detenho-me demoradamente
Adio o reencontro com a multidão
Ilibada regresso da luz
Cruzei por momentos o teu olhar
Que me alumia e me deixa sobreviver
Pulsar que me fere ao tocar
Sentinela do meu sonho
Inebriante o teu sentir em mim
Algures numa página por escrever
Num tempo que há-de vir...

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Jaze de amor uma rosa ...

Resguardo de mim
Palavras onde me abrigo em segredo
Intempérie que um sopro cuida em silêncio
Concha refúgio da minha alma
Enseada albergue do meu corpo
Dicotomia anacrónica da libido
Ninei-me no meu exílio
Reclusa desconforme do senso comum
Esboço de um resvalar iminente
Tracejar um amanhã em veredas
Que os caminhos não conhecem
Passeia em devaneio um Querubim
Rondou o meu olhar
Álibi que uma lágrima desmentiu
Ilícito jaze este desejo de ti
Toada que o vento descreve
Embargando no céu as palavras
Que ripostam em grossos pingos
Irrompendo de um olhar cerrado
A dor intensa de um amor
Que nasceu de uma fonte
Onde desencontrados fomos beber
E a magia saciou os desejos
Em dois luares
Perdidos por um grão de areia
Que o mar enamorou

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Intervalos ...

O céu cerrado vestiu-se de asfalto
Os passos adivinham-se pesados
Lentamente procuro um rumo
O meu ...o nosso...
Um muro feito de dúvidas instala-se
Num deserto estéril de sentidos
Brotam impulsos sem palavras
Arquitectura de emoções insculpidas
Nidificam num mar selvagem
Aúgurio que a Lua oculta
Foco luminoso que as nuvens intervalam
Seara que o joio aniquilou
Inconsciente compõe-se de melancolia
Apazigua -me a noite
Em versos desenhados de afectos
Ininterrupta nostalgia que me aniquila
Eira indiferente ao trilhar de cada colheita
Mora um véu entre nós

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Não tenho ...

Sou do mar amante
Confidente das quatro Luas
Imito o leve movimento do vento
Deixo-me amorar pelo sorriso das estrelas
Delicio-me com o fruto das silvas
Passeio pelas cores do arco-íris
E paro na cor azul para espreitar o céu
Voo nas asas de uma borboleta
Estonteante pousa de pétala em pétala
Fascina-me a melodia de uma cascata
Mergulhar numa tela abstracta e perceber-me
Andar sozinha na multidão
Tocar os teus lábios
Enrolar-me no teu corpo
Dança de uma viagem erótica
Perfumada pela maresia
Deleitar-me numa paixão sem tempo
Perder-me só entre o céu e a terra e
Sentir ... sentir assim...
Porque
Nenhum sentir
Se sente tão perto
Do que não te sentir aqui
E morrer ... morrer de tanto viver

domingo, 1 de novembro de 2009

Ofuscar...

Chovem lágrimas dos céus
Deslizam meigas no meu rosto
Num cenário indescritível de vazios
Onde transbordam de gritos os silêncios
E as sombras são um espírito pintado de fantasia

Leio - te sempre...

E ao anoitecer
E ao anoitecer adquires nome de ilha ou de vulcão
Deixas viver sobre a pele uma criança de lume
E na fria lava da noite ensinas ao corpo a paciência
O amor o abandono das palavras o silêncio
E a difícil arte da melancolia

Al Berto
Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes,
Mas não esqueço de que minha vida
É a maior empresa do mundo…
E que posso evitar que ela vá à falência.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver
Apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise.
Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e
Se tornar um autor da própria história…
É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar
Um oásis no recôndito da sua alma…
É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.
É saber falar de si mesmo.
É ter coragem para ouvir um “Não”!!!
É ter segurança para receber uma crítica,
Mesmo que injusta…

Pedras no caminho?
Guardo todas, um dia vou construir um castelo


Fernando Pessoa

Porque existo ...

Porque existo ...
Acredito ...