sexta-feira, 27 de março de 2009

Tão Perto ...

Bate-me á porta e leva-me ...
O grito das marés calou a voz de uma flauta,
Soltei o medo e começo a caminhar na tua direcção ...
Não existem mais razões para continuar esta inútil viagem,
Partirei como sempre, simplesmente sem avisar...
Porque não existe uma morada a quem o fazer...
Desisto da luta que um dia foi nossa e agora ...
Amei demais, amei tanto, amo cada anoitecer ...
Errei cada passo que dei, erro de cada vez que respiro,
Prisioneira da vida libertar-me-eis agora desta agonia imensa,
Tudo parece tanto que me sufoca e esmaga ...
O sol deixou de brilhar pela manhã parece-me a mim,
Antes de partir quero ir ver o mar ...
Um dia alguém me disse caminha sozinha ...
Tentei, juro que tentei ... com tanta vontade ...
Que cheguei a acreditar que conseguia ...
Ilusão, pura ilusão... vertigem alucinada pelo desfecho
Cruel de uma queda fatal e sem volta ...
As minhas personagens a que nunca fui fiel
Serão meus carrascos com as próprias mãos,
Num constante lamento perdi-me de mim ...
Cercam-me as paredes frias e gigantes ...
As mãos geladas e trémulas contam segredos,
Sou tão medíocre ... tão inútil ... tão vazia ...
Não entendi porque estou aqui ... não entendi...
Nunca me perdoarei por existir, por ser quem sou ...
Por fazer o que fiz ... por estar aqui ... por acordar...
Fico por aqui e por ali vagabundeando sem lugar ...
Não pertenço, não mereço pertencer aqui ...
Ou a qualquer outro lugar onde possa ficar...
Sou filha de ninguém, e de ninguém sou mãe ...
Sou um traste vestida de alguma coisa ...
Cada caminho faz-se sem mim ...
Sou de ninguém ... nunca fui de alguém..
Daqui a pouco vou embora ...
Já tarda a minha partida ...
Quero ir perfumada pela primavera ...
Embalar a minha alma na brisa com aroma de jasmim,
Viajar de noite para me despedir da lua...
Deitar-me no colo de uma estrela ...
Para beijar teu rosto todas as noites ...
Até mais logo ...

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Porque existo ...

Porque existo ...
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